O cinema brasileiro conquistou uma marca histórica na 97ª edição do Oscar, realizada na noite de segunda-feira (3) em Los Angeles, nos Estados Unidos. O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, levou a estatueta de Melhor Filme Internacional, uma conquista inédita para o Brasil.
Na categoria, o longa superou concorrentes de peso, como Emilia Pérez (França), A Semente do Fruto Sagrado (Alemanha), A Garota da Agulha (Dinamarca) e Flow (Letônia). Em seu discurso de agradecimento, Walter Salles dedicou a premiação à memória de Eunice Paiva, esposa do ex-deputado Rubens Paiva, desaparecido durante a ditadura militar. O cineasta também homenageou as atrizes Fernanda Torres e Fernanda Montenegro pelo papel essencial na trajetória do cinema nacional.
Indicações e impacto cultural
O Brasil também esteve representado na categoria de Melhor Filme, com Ainda Estou Aqui, mas a principal estatueta da noite ficou com Anora, que venceu cinco prêmios no total. Fernanda Torres, que interpretou Eunice Paiva, foi indicada a Melhor Atriz, mas o prêmio foi para Mikey Madison, por sua atuação em Anora.
A presença brasileira no Oscar gerou um clima de celebração em todo o país. A coincidência do evento com o carnaval resultou em manifestações criativas, com blocos e desfiles incorporando elementos inspirados no cinema, como máscaras de Fernanda Torres e Selton Mello (que interpretou Rubens Paiva), além de fantasias e bonecos gigantes alusivos ao Oscar.
Reflexão histórica e impacto do filme
Baseado no livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva, filho do ex-deputado, o filme resgata a história da ditadura brasileira e o impacto do desaparecimento de Rubens Paiva na vida de sua família. O caso do ex-deputado teve novos desdobramentos recentemente, quando a Justiça determinou a correção de sua certidão de óbito, que agora declara oficialmente que sua morte foi violenta e causada pelo Estado brasileiro.
O sucesso do longa também impulsionou o livro Ainda Estou Aqui para o topo das listas de mais vendidos e reaqueceu o debate sobre a revisão da Lei da Anistia pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que analisará se crimes de sequestro e cárcere privado cometidos durante a ditadura podem ser julgados.
Outros vencedores do Oscar 2025
Entre os principais ganhadores da noite, Anora se destacou com cinco prêmios, incluindo Melhor Filme e Melhor Direção para Sean Baker. O prêmio de Melhor Ator foi para Adrien Brody, por O Brutalista, que também venceu em Melhor Fotografia e Melhor Trilha Sonora. Duna: Parte 2 levou as estatuetas de Melhor Som e Melhores Efeitos Visuais.
O Brasil sai do Oscar 2025 com um marco histórico para sua cinematografia e renova as esperanças para futuras premiações internacionais.