Takamatsu – O verão chegou e os problemas relacionados ao uso da máscara e o calor começaram a ser discutidos nas escolas do Japão.
Na província de Kagawa, região de Shikoku, o Comitê de Educação decidiu flexibilizar o uso do acessário em determinadas circunstâncias. As novas normas orientam as crianças a tirar a máscara durante as atividades físicas e esportivas.
Os estudantes podem remover o acessório do rosto se a umidade estiver elevada, a temperatura for muito alta ou se o aluno se sentir desconfortável. As escolas públicas da província receberam essas novas diretrizes, mas algumas famílias já manifestaram preocupações com a saúde dos filhos.
O dilema parece de difícil solução. A flexibilização da máscara pode aumentar a transmissão do novo coronavírus. Mesmo que as crianças não apresentem sintomas graves, elas contribuem ativamente com a trasmissão do vírus e podem afetar os pais, outros familiares e os avós.
Por outro lado, o uso constante da máscara também tem seus efeitos negativos. Por causa das temperaturas elevadas do verão japonês e a prática de atividades físicas, que as escolas dificilmente abrem mão, o tecido que cobre o rosto pode favorecer a hipertermia.
Em casos graves, a hipertermia pode levar a morte mesmo em crianças, embora a condição seja mais comum nos idosos. Em julho de 2018, um menino de 6 anos morreu depois de passar mal em um passeio da escola, na cidade de Toyota, em Aichi.
No verão do ano de 2019, 29 crianças tiveram que ser socorridas enquanto treinavam para um evento esportivo em uma escola primária na província de Fukui. Os alunos apresentavam sintomas de hipertermia, como dor de cabeça e mal estar.
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Regras de uso da máscara
No fim de maio, o alerta de transmissão do vírus em Kagawa chegou ao nível máximo devido ao aumento repentino dos casos. Os testes positivos também aumentaram na faixa etária que vai de 10 a 19 anos de idade, o que deixou as escolas em alerta.
Os manuais de intruções do Ministério da Educação (MEXT) e do Comitê de Educação de Kagawa consideraram os riscos graves e imediatos de um quadro de hipertermia, no caso dos alunos se sentirem sufocados com a máscara e, ao mesmo tempo, evitarem tirá-la do rosto.
Os manuais dizem que, se a criança estiver ao ar livre e em uma distância segura dos colegas, é possível tirar a máscara do rosto. Alguns pais contaram ao Jornal Mainichi que houve escolas que adotaram regras mais rigorosas, como o uso da máscara no trajeto para a escola.
“Algumas crianças se sentem sufocadas e querem tirar a máscara, mas tem medo das reações dos colegas e adultos e então ficam aguentando”, disse uma mãe.
O nível de alerta da pandemia em Kagawa baixou no dia 21 de junho. O Comitê de Educação orientou as escolas de que não seria necessário impor o uso do acessório durante as atividades físicas ou de limpeza e organização.
Ficou decidido também que, se a criança não conseguir decidir sozinha se fica ou não de máscara, o professor deve abordá-la e oferecer ajuda.
Uma das dificuldades apontada pelos pais foi sobre conseguir que as crianças mantenham distância umas das outras quando estão sem máscara. No caminho para a escola, por exemplo, é natural que elas andem lado a lado e caminhem conversando e interagindo umas com as outras.
Outra questão é o risco de conflitos entre as próprias crianças, que podem agir com preconceito e discriminação contra os colegas que decidirem tirar a máscara. De forma geral, a regra ainda é ficar com o acessório o máximo de tempo possível.
Neste segundo verão de pandemia, os desafios das escolas continuam. As instituições devem prevenir a disseminação do coronavírus e, ao mesmo tempo, garantir que as crianças não sofram riscos elevados de hipertermia.