O ano de 2022 deixou duas adaptações de Pinocchio para a posteridade. A versão live-action da Disney+ e a versão de Guillermo Del Toro, da Netflix. É claro que eu vi as duas e preciso dizer o quanto foi doloroso assistir a do Mickey. Mesmo que todas as músicas estivessem lá, faltou coerência na história. Isso me deixou receoso para ver a versão de Del Toro, já que não sou fã de stopmotion. Mas tudo mudou quando vi uma parte e decidi que precisava ver tudo.
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A versão de Del Toro é profunda e aborda temas muito polêmicos, atuais e necessários para o período que vivemos. As versões dublada e original são ótimas, mas preciso deixar aquele adendo para aquém puder ver a animação legendada porque as vozes deram um tom incrível a animação.
Um Pinocchio crível
Um boneco de madeira que ganhou vida. Não dá para fazer isso se tornar algo crível, mas dá para colocar isso em um mundo real e onde cada ação se explica e tem consequências. Sempre me perguntei porque o Gepeto iria esculpir um boneco de madeira. Qual era o motivo para ele querer que ele fosse de verdade. Porque mandar um boneco para a escola. Nada disso fazia sentido. Mesmo na versão em desenho da Disney, era algo que “passava pela cabeça” do velho Gepeto e beleza.
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O pano de fundo, com Gepeto e Carlo é sensacional e emocionante. O motivo que joga o marceneiro em uma depressão profunda é justificável e cristalino. A situação lastimável da mente do velho Gepeto, cheio de remorso, seu abandono e bebedeira o deixando à beira da insanidade, são motivos suficientes para dar a ele essa segunda chance.
Não, eu não quero ser um menino de verdade
Uma coisa que nunca engoli dessa história era como Gepeto aceitava Pinocchio como seu filho naturalmente. Poxa! É um boneco feito de madeira que ganhou vida! Não dá para simplesmente aceitar isso! Essa construção no relacionamento deles dá mais veracidade e torna tudo mais emocionante. Além disso, o grilo tem um excelente motivo para cuidar do Pinocchio e ainda, tem uma ótima recompensa se o ajudar.
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Ir para a escola também é algo que acabou sendo necessário, já que a história se passa durante o governo facista de Mussolini na Itália e um agente do governo manda Gepeto enviar o boneco, já que ele pode acabar se tornando um “indivíduo de pensamento livre”. E que trabalho maravilhoso mostrar o fascimo dentro de uma animação voltada para a família. Até mesmo o próprio Mussolini aparece. Além disso, o forte nacionalismo e a doutrinação das crianças como soldados é sensacional.
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A vida e a morte
E não há nada mais mágico que ver a Fada da Vida e a Morte conversando com o inocente Pinocchio. Viver, morrer e aprender fazem o pequeno pedaço de pinho crescer como nunca. Cada vez que ele morre, aprende algo valioso. A forma inocente de como ele encara a imortalidade também assusta, já que ele não entende o que isso pode significar para ele, alguém tão apegado e sem experiência da vida.
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Para encerrar, não dá para deixar de falar sobre a animação. Vale a pena ver o making of após o filme, já que as explicações de Del Toro sobre esse trabalho, enriquecem ainda mais a obra.