Nagano – Quem mora no Japão ou já visitou o país a turismo pode ter se deparado em algum momento com um macaco-japonês ou um bando inteiro. A espécie engraçadinha de pelo dourado e rosto vermelho está presente em alguns pontos turísticos e é possível até ver os primatas tomando banho em águas termais.
Porém, em algumas cidades, os macacos selvagens, que muitas vezes agem com agressividade, aparecem de repente e surpreendem os moradores. Há conflitos, receios de ataques e danos materiais ou em plantações. A convivência dos macacos com os humanos nas zonas urbanas do Japão não tem sido muito positiva.
Uma reportagem da emissora Fuji TV relatou alguns casos que vêm acontecendo do ano passado para cá, em cidades, províncias e regiões completamente diferentes: de norte a sul do Japão.
Em outubro de 2022, um macaco surpreendeu moradores locais ao atravessar a rua na cidade de Azumino, em Nagano. Em setembro, um primata foi visto em Naka, na província de Ibaraki, passando pelos cabos de um poste de luz.
O macaco fragrado em Azumino. Reprodução / FNN.
Em novembro, foi a vez da aparição surpreender moradores na cidade de Iida, também em Nagano. Um macaco pulou em cima de um carro e tentou espiar o lado de dentro pela janela, dando um susto no motorista.
Houve também casos na região de Kyushu, no sul do Japão. Na cidade de Imari, na província de Saga, um macaco apareceu para comer todos os morangos de uma plantação doméstica, em maio do ano passado.
O animal foi capturado e ficou nervoso dentro da jaula, segurando as grades furiosamente em busca de uma saída.
Um macaco também atacou a câmera de uma equipe de reportagem e mordeu quando o fotógrafo tentou afastar o objeto.
Neste ano, a situação ficou mais séria na cidade de Hatsukaichi, na província de Hiroshima. As aparições dos macacos aumentaram em três vezes com relação aos registros do ano passado e a prefeitura local foi obrigada a tomar providências.
Um primata foi alvo de um tranquilizante e especialistas colocaram um aparelho de GPS no pescoço, antes de libertá-lo aos pés de uma floresta. O objetivo da missão é acompanhar a trajetória do macaco, ver por onde eles andam e o que é possível fazer para evitar transtornos.
Se os macacos estiverem circulando em áreas próximas das rotas escolares, por exemplo, é possível mudar os trajetos para evitar que os primatas perturbem as crianças.
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O macaco-japonês
Macacos na fonte de águas termais de Jigokudani, em Nagano. Foto de Jonathan Forage na Unsplash.
Espalhados por todo o Japão, o macaco-japonês é uma espécie que adapta ao clima de diferentes localidades. No sul do país, estão mais presentes em florestas tropicais com o clima mais ameno e estável, que permite que se alimentem da mesma forma durante o ano todo.
Nas regiões centrais e ao norte do Japão, o habitat natural dos macacos é nas montanhas. Eles aproveitam a atividade vulcânica para se aquecer em banhos termais e passam os invernos rigorosos sem dificuldades.
No inverno, há uma atração turística popular na província de Nagano. Na região Jigokudani, os macacos podem ser vistos em seus banhos termais e os turistas podem conferir a cena de perto.
A espécie é selvagem e por vezes agressiva, mas também sabe ser dócil e sociável. Os primatas têm vínculo próximo entre si, criam comunidades e andam em bandos. As mães cuidam dos filhotes por dois anos, buscam alimentos e oferecem calor corporal até que estejam prontos para se virar sozinhos.
De alimentação onívera, os macacos-japoneses consomem vegetais, frutas, plantas e pequenos animais. Os machos costumam ter o corpo maior e são mais pesados. Enquanto eles chegam a 11 kg e 57 cm de altura, uma fêmea não costuma pesar mais do que 8,5 kg e crescer mais do que 52 cm na fase adulta.