Kurihara – Em julho do ano passado, um incidente ocorrido em uma escola na cidade de Kurihara (província de Miyagi) causou um choque na sociedade e principalmente na comunidade escolar da região.
Um homem que dirigia um caminhão de pequeno porte (chamado de kei truck), invadiu o terreno da Escola Primária Wakayanagi e atropelou três crianças que participavam de atividades esportivas. As vítimas estavam no quarto ano escolar e precisaram de duas a três semanas de repouso para se recuperar dos ferimentos.
O motorista deste caminhão é Shouji Onotera, de 35 anos. A suspeita é de que Shouji tenha entrado na escola com a intenção de atropelar as crianças. Seis meses depois do incidente, ele está no tribunal para ser julgado e tem dado declarações que sugerem que não estava mentalmente capacitado no dia em que invadiu a escola com o caminhão.
De acordo com uma reportagem da Emissora Fuji, Shouji apareceu no tribunal vestindo um moletom, ouviu as acusações oficiais e disse que estava sofrendo de uma patologia e passando por uma forte confusão mental naquele dia.
Em uma voz baixa e difícil de ouvir entre os visitantes do julgamento, o homem disse que não se lembra se entrou na escola com a intenção de atropelar pessoas. A defesa está alegando incapacidade mental e espera que o réu seja inocentado ou tenha a pena reduzida.
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O homem que atropelou crianças
Há alguns fatos sobre Shouji Onotera que estão chamando a atenção na fase do julgamento. Na época do ensino médio, o homem costumava comprar o mesmo item por diversas vezes e acumular lixo. Em 2022, ele teria desligado os disjuntores de casa e removido a bateria do celular porque suas ligações estariam sendo interceptadas por alguém.
Entre a manhã de 5 de julho do ano passado, um dia antes de invadir a escola com o caminhão e no dia do incidente, ele teria contatado a polícia diversas vezes e pedido ajuda porque acreditava que alguém estava querendo prejudicá-lo e corria risco.
Uma hora antes de invadir a escola, Onotera estava em um posto policial explicando suas preocupações. O pai do homem veio buscá-lo com o caminhão, mas ficou exausto com a situação e desceu do volante, deixando que o filho dirigisse.
Em uma crise de paranóia, o réu teria acreditado que algo estava sendo irradiado sobre ele e precisava fugir. E então ele achou que seria morto e teve a ideia de “atropelar alguém” para ser preso e se estivesse sob custódia da polícia, poderia salvar a própria vida.
Essas foram as informações coletadas durante a investigação da polícia. De acordo com a reportagem, o homem passou a primeira audiência do julgamento escutando atentamente e pouco se mexia. O julgamento ainda terá novas audiências antes que o destino do réu seja decidido pelo juiz.
As medidas das escolas japonesas
O caso acabou expondo uma falha de segurança nas escolas e a facilidade de qualquer pessoa invadir o terreno com um veículo e atropelar os estudantes. O caso de Onotera só não foi mais grave por ele ter entrado na escola em uma velocidade de 7.5 quilômetros, mas o caso poderia facilmente ter deixado vítimas fatais.
As escolas da província passaram a ter atenção com pessoas suspeitas ao redor do prédio e a fazer barricadas para impedir a entrada de veículos sem autorização. O manual de segurança foi refeito para considerar a possibilidade de ataques contra as crianças utilizando automóveis.