Tóquio – Quem dirige táxi não tem como ser seletivo com relação aos clientes e pode não ter controle sobre algumas coisas, como o cheiro dos passageiros que entram no veículo todos os dias.
Uma mulher que se identifica como “Sachataku” na rede X (o antigo Twitter), é uma motorista de táxi experiente em Tóquio e com um currículo peculiar. Sacha já foi “gyaru”, da tribo de mulheres com cabelos descoloridos e pele bronzeada no Japão. E ela também já atuou em cabarés.
Há alguns anos, se estabilizou como motorista de uma empresa privada de táxi em Tóquio e costuma fazer corridas entre a região de Tama, na capital japonesa e na cidade vizinha de Hachioji.
Em sua conta na rede social (@sachantaxi33ojo), ela falou de um passageiro que costuma pegar táxi em uma determinada estação e já se tornou “famoso” entre os motoristas locais.
Uma pessoa que subiu em seu táxi e que tinha um odor tão forte que obrigou a motorista a dedicar horas para desinfetar o carro e por isso, não conseguiu pegar outros passageiros e teve o serviço interrompido.
Na publicação, Sacha fez um apelo:
“Um recado aos clientes do serviço de táxi: uma vez a cada dois dias está bom, por favor, tomem um banho e usem roupas limpas. O cheiro fica impregnado no carro e não podemos transportar outros clientes”.
A publicação teve mais de 48 mil curtidas e 1 mil comentários. Junto com o apelo, a taxista postou um vídeo do momento em que usava um spray desinfetante com insistência para remover os odores do carro.
Entre os comentários, algumas pessoas acharam graça ou sugeriram que ela deveria recusar esse tipo de passageiro. Alguns internautas aproveitaram para reclamar do cheiro de cigarros de taxistas e iniciaram uma nova discussão.
Em uma reportagem do Portal Jurídico Bengoshi News, Sacha contou mais detalhes do episódio e o pedido que decidiu fazer nas redes sociais.
“Depois de passar o spray nos bancos de trás, tive que ficar com todas as janelas abertas e não pude aceitar novos passageiros por algum tempo, isto prejudica o trabalho. Não podemos recusar com base nos termos do transporte e isso afetaria os outros motoristas que ficam na estação”, comentou.
Sem ter muitas alternativas, ela decidiu pedir na rede social para que os passageiros tomem banho.
“É preciso entender que os motoristas também são humanos. Tem determinados odores que não podemos perdoar e não é tão simples assim recusar um passageiro como muitos pensam”.
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A possibilidade de recusar passageiros
O portal jurídico esclareceu que, em alguns casos específicos, é possível recusar um passageiro. De acordo com o artigo 13 das leis que regulamentam os transportes no Japão, por regra, não é possível recusar passageiros e esse ato pode resultar em multa inferior a ¥1 milhão.
Porém, isto valeria para casos de discriminação. Segundo a reportagem, há exceções para quando o motorista tem “motivos coerentes”, como no caso de um passageiro violento, quando há risco para o motorista ou o passageiro está inadequado, com roupas sujas e indecentes.
Se houver risco tanto para o motorista quanto para outros passageiros e danos para a atividade comercial, é possível recusar o passageiro.
Porém, como Sacha mencionou, dizer “não” para o cliente neste caso traria transtornos para ela e para os outros motoristas no mesmo ponto. A alternativa que pareceu mais adequada foi fazer o pedido e conscientizar as pessoas que costumam andar de táxi.
“Quem não tem higiene ou consideração pelos outros não está qualificado para andar de táxi”, disse ela.