Tóquio – Quase todo mundo tem alguma história amarga com os chefes que já tiveram na vida. Alguns enfrentaram atritos pequenos no trabalho, outros passaram por situações mais graves, como assédio moral e até bullying e boicote dentro da empresa.
No Japão, existem as chamadas “black kigyou”, empresas que são conhecidas por não respeitarem as leis trabalhistas e por não garantirem condições adequadas aos funcionários. Nessas empresas, os contratados fazem horas extras sem remuneração, sofrem abusos por parte dos chefes e precisam lidar com situações diárias que afetam a saúde física e mental.
Quando o trabalho não compensa, é possível buscar por novas oportunidades. Porém, a rotatividade de empresas pode ser mal vista e um trabalhador que pediu demissão por estar em um ambiente de trabalho tóxico, pode facilmente acabar em outra empresa parecida. Essas empresas estão sempre com vagas disponíveis e nem sempre as condições oferecidas condizem com a realidade.
O Portal Career Connection costuma distribuir formulários de pesquisas com temas específicos para coletar histórias interessantes. Desta vez, o tema da pesquisa foi o comportamento de chefes e trabalhadores em todo o Japão tiveram a oportunidade de participar e contar suas próprias histórias e dramas.
Uma mulher na faixa de 50 anos que vive em Tóquio, trabalha em um escritório e ganha ¥3 milhões por ano, fez o seguinte comentário sobre o chefe:
“É bem complicado, ele confere tudo por e-mail, mas não lê as respostas. E quando lê, distorce todas as informações. É uma atitude meio egocêntrica”.
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Os chefes ruins e demissões
Quando os problemas com o chefe são graves, há danos na vida pessoal e nada que compense o serviço, pedir demissão pode ser o único caminho viável para resolver os problemas. E as empresas com grande rotatividade mostram que algo pode estar errado no ambiente.
Este é o caso de um homem na faixa de 50 anos, que trabalha no setor de marketing e tem renda de ¥7 milhões por ano. Ele conta que o vice-presidente da empresa, um japonês formado em universidade de prestígio, com mestrado e um currículo admirável, é o pior chefe que já teve na vida.
“Ele vive fazendo comentários que são puro assédio moral. Não escuta ninguém, interrompe quando quer e não traz atualizações do trabalho para nós. Quando pergunta o motivo, ele não responde direito. Não dá para compreender as metas, deixa que a gente se vire e não toma responsabilidade alguma”, explicou.
A situação causou uma insatisfação tão grande que, segundo ele, nos últimos 6 meses, 50 pessoas já pediram demissão. E, mesmo assim, nada a feito para melhorar o ambiente de trabalho e resolver as questões internas da empresa.
“O negócio da empresa são investimentos online e há cinco setores de gestão. Esse chefe é 20 anos mais jovem do que eu e tem esse comportamento opressivo. Tem ex-funcionários da empresa que já acionaram advogados contra ele. É uma situação crítica em toda a empresa, a gestão não funciona”, disse.