O filme “Assassinos da Lua das Flores” rapidamente se torna um clássico, especialmente para os fãs de Martin Scorsese. Lançado pela Apple TV, o filme é uma colaboração notável entre Scorsese, Robert De Niro e Leonardo DiCaprio. A parceria de longa data entre Scorsese e De Niro é reafirmada, e a atuação de DiCaprio é igualmente impressionante, apresentando personagens com mudanças tão marcantes que mal parecem os mesmos atores de trabalhos anteriores.
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Entretanto, a surpreendente trajetória de cada personagem e a reviravolta dos acontecimentos podem iludir o espectador. O filme revela até que ponto a ambição e a ganância podem levar uma pessoa. Como é característico dos filmes de Scorsese, os personagens vilões e mocinhos levam o público a questionar a moralidade da sociedade, seja ela do período ou local retratado nos filmes. Mais do que isso, eles nos fazem duvidar se a humanidade realmente vive em uma época considerada mais “civilizada”.
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Assassinos e vítimas
Apesar de aterrorizante, “Assassinos da Lua das Flores” foi baseado no livro homônimo, seguindo eventos reais ocorridos nas primeiras décadas do século passado nos Estados Unidos. A maioria das vítimas eram membros da tribo indígena Osage. Essa comunidade, que já enfrentava um histórico de pressões por parte dos colonos europeus, encontrou inesperadamente uma reviravolta em sua sorte ao se estabelecer em uma região rica em poços de petróleo.
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No início do século passado, o petróleo era considerado o “ouro negro”, trazendo riqueza aos Osage e transformando-os no “povo mais rico do mundo”. A prosperidade permitiu que eles desfrutassem de uma vida luxuosa, mantendo suas tradições culturais e trajes elaborados. Contudo, essa fortuna atraiu a ambição e a ganância dos colonizadores brancos, que se casaram com mulheres Osage visando a riqueza delas.
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Da fortuna para o funeral
Apesar da ostentação e conforto, a vida dos Osage não era apenas de luxo, pois a fortuna deles despertou a ambição e ganância daqueles que buscavam seus recursos. O casamento, inicialmente visto como um interesse romântico, transformou-se em uma trama que revela o lado mais sombrio da natureza humana.
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Mesmo diante da violência sofrida pelos Osage, as autoridades locais pareciam pouco interessadas em resolver esses casos, alegando que a reserva constituía um país independente dentro dos Estados Unidos. A situação mudou com um apelo do povo em Washington, levando à criação do Departamento Federal de Investigação (FBI). Essa narrativa intrincada, permeada por caos, sangue, dinheiro e petróleo, torna “Assassinos da Lua das Flores” um filme que cativa através de seus detalhes ao longo de quase 3 horas e meia de duração. Recomendo dedicar o tempo necessário para apreciar essa obra sem pressa.
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