Lá em 2009, Avatar foi um tremendo sucesso, alcançando o topo das bilheterias mundiais e arrecadando impressionantes 2 bilhões de dólares em todo o mundo. A história de um forasteiro que chega a uma vila e se integra aos costumes locais para se tornar um líder improvável agora se passa na lua de Pandora, a futura colônia da Terra. Com uma narrativa que nos introduziu a esse mundo exótico, fomos fisgados por James Cameron de maneira ainda mais intensa do que em Titanic. Além disso, Avatar foi “o filme” para se ver em 3D, graças à sua nova tecnologia de gravação.
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Aquele filme revolucionou a indústria cinematográfica, tornando-se difícil de ser superado, até mesmo para Cameron. Portanto, a genialidade do diretor concentrou-se em outro ponto importante: em vez de se manter no mesmo lugar, ele decidiu nos levar a uma aventura sobre adaptação. Essa ideia foi tão longe que nos apresentou a outra raça de Na’vi, adaptados para viver na água. Por isso, o filme é mais desafiador do que o primeiro, levando o público a uma mudança abrupta, deixando para trás as florestas de Pandora para mergulhar em seus mares.
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Avatar e o mundo aquático
Dar esse passo é sempre o mais difícil. Por isso, adorei fazer uma comparação com a experiência vivida pelos Sullys, com a experiência de se mudar para o Japão. Se você é descendente de japoneses e cresceu cercado pela cultura japonesa, aprendeu o idioma quando era criança e teve a oportunidade de vir morar aqui, entenderá a experiência pelos olhos de Neytiri (Zoe Saldana). Você sabe que mudar vai te deixar triste, sentirá saudades de casa e terá dificuldades para se adaptar.
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Agora, se você é um brasileiro, sem qualquer ligação com o Japão e ainda assim decidiu vir para cá, compreenderá o ponto de vista de Jake (Sam Worthington). Ele nunca foi um verdadeiro Na’vi, sempre foi um alienígena, um forasteiro. Ele decidiu mergulhar profundamente na cultura do planeta e nada o deterá, mesmo que precise mudar de elemento. Nesse ponto, não é que Jake seja melhor que Neytiri; ele apenas está mais aberto a se envolver em adaptações do que ela.
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Você não precisa deixar de gostar de Avatar por causa disso
E não, o filme não é ruim. O roteiro não é fraco, mas sim, uma trama simples que aborda temas como adaptação, vingança e família. O vilão não é fraco ou bobo. Resgatar o Coronel Miles (Stephen Lang) pode parecer uma escolha de alguém com medo de inovar, mas não é o caso. Miles possui um conhecimento de campo muito maior do que qualquer outro em Pandora. Deixá-lo crescer agora não é uma perda de tempo, já que Cameron confirmou que ele será o vilão dos próximos 3 filmes.
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Além de tudo isso, o filme não é parado, mesmo com mais de 3 horas de duração. Mesmo assistindo em casa, foi difícil encontrar um momento para fazer uma pausa e ir ao banheiro. Muita coisa acontece, incluindo reviravoltas. Dizer que o filme não é surpreendente é compreensível, já que ele realmente não é, mas não pode ser considerado uma produção ruim. E mesmo aqueles que nunca saíram de sua cidade natal conseguem se colocar no lugar dos Sullys pela perspectiva deles.
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