É sempre um prazer acompanhar as criações de Shinkai Makoto e observar sua evolução de obras como “Your Name” para “Suzume”. Nesta nova animação, o diretor aprimora consideravelmente a narrativa, corrigindo deslizes que foram percebidos em “O Tempo Com Você”. Em “Suzume”, somos levados a um mundo que se assemelha muito ao nosso, numa aventura encantadora e, ao mesmo tempo, angustiante. A qualidade da animação e da trilha sonora permanecem tão marcantes quanto em seu maior sucesso.
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Uma das características notáveis de Makoto é sua habilidade em entrelaçar elementos da natureza e do sobrenatural, fundindo-os em uma única narrativa. Essa abordagem, inspirada nos preceitos do xintoísmo, oferece uma perspectiva única sobre o cotidiano japonês, trazendo uma aura de magia para a tela.
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Suzume e o eterno
Ao assistir aos trailers de “Suzume”, é gratificante constatar que pouco foi revelado sobre a trama além da protagonista e seu gato falante. Até mesmo a relação de Suzume com as portas e seu simbolismo é apenas sugerida na divulgação. Mesmo com os spoilers divulgados, a surpresa durante o desenvolvimento da história permanece intacta.
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Assim como Suzume, todos nós carregamos traumas e questões não resolvidas que preferimos esconder no fundo de nossas mentes. Se a vida fosse um diário, certamente esconderíamos essas dores, cobrindo-as com tinta preta, página após página. A adolescência, fase de descobertas e despedidas, nos coloca no limiar entre o que éramos e o que seremos, permitindo-nos vislumbrar o eterno, algo intangível.
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Mas como compreender o eterno, além das limitações de nossa mente? A trama de “Suzume” oferece uma perspectiva única sobre essa questão, embora sua abstração seja tão fugaz quanto um sonho ao despertar. A narrativa, habilmente construída em um ciclo contínuo, nos convida a refletir sobre o tempo e a eternidade, mostrando que mesmo nas circunstâncias mais extraordinárias, as respostas exigem tempo para se revelar.
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Um toque místico
Assim como as produções do Studio Ghibli, as obras de Makoto são impregnadas de um misticismo inegável, acessível principalmente àqueles que se aventuram no estudo da metafísica. “Suzume” complementa essa narrativa ao explorar os limites entre o natural e o sobrenatural, mostrando como essas dimensões se entrelaçam sem se confundir. A magia da aurora, a travessia do limiar da porta e a coexistência do ordinário com o extraordinário destacam a interconexão entre físico e metafísico, demonstrando que a natureza responde ao sobrenatural de maneiras surpreendentes. No final, “Suzume” toca nossas emoções, mas também nos permite encerrar o ciclo da história antes de alcançar um desfecho feliz para a protagonista.
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