Sosa – Há um ano, uma idosa que era cuidada pelos filhos na cidade de Sosa, província de Chiba, desapareceu de casa. A mulher sofria demência e quando desapareceu, acabou sozinha e perdida nas ruas.
Os familiares foram em um posto policial registrar o desaparecimento e pedir ajuda. O caso mobilizou 20 policiais e um cão: a equipe saiu para procurar a idosa nas ruas mais próximas, mas não conseguiram encontrar e anoiteceu.
A preocupação da família aumentou, principalmente quando os policiais decidiram interromper as buscas por causa do horário. A idosa estava perdida, sozinha em algum lugar escuro e precisando de ajuda, mas ninguém sabia como localizá-la.
Até que o telefone da polícia tocou. No outro lado da linha, uma menina de 17 anos se identificou como Ai Tamura. Ela disse que encontrou uma idosa com um comportamento estranho em uma rua escura e resolveu ajudar.
Naquele dia, Ai, que estava no segundo 2º ano de uma escola de ensino médio (koukou), voltava de bicicleta para a casa depois do “arubaito” (trabalho temporário). Por volta das 21h, passou por uma rua que parecia vazia, até que a luz da bicicleta iluminou uma pessoa.
Era uma idosa que caminhava trêmula e parecia desorientada.
“Eu achei muito estranho naquele horário e por um minuto hesitei, não sabia se falava com ela ou não, mas tomei coragem e falei. Ela disse que tinha saído da plantação e estava voltando para a casa e que a bicicleta estava logo adiante”, contou a menina.
Ai percebeu que a conversa era estranha e não deixou a mulher sozinha. Desistiu de voltar para a casa, largou a bicicleta e decidiu acompanhá-la. Apesar de estar ainda a 3 km de distância de casa e de noite, a menina não hesitou em chamar a polícia e cuidar da idosa até que ela fosse resgatada.
Para a polícia e a família, foi um alívio. Logo depois de desistirem das buscas e já sem esperanças de encontrar a idosa, a menina ligou. Ela foi gratificada pelo caso em uma cerimônia especial e deu um discurso emocionante para a polícia.
“Desde o primário muitas pessoas na região cuidaram de mim e me protegeram no caminho, enquanto eu ia e voltava da escola. Fico mais do que feliz de poder retribuir esse cuidado agora que estou no ensino médio”, disse.
A história já tem um ano, mas voltou a repercutir na mídia japonesa esse mês e entrou no ranking de artigos mais lidos na página da Emissora Fuji. Ao mesmo tempo, outro caso que aconteceu na mesma época também foi relembrado.
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O time de basquete que salvou um idoso
A mesma cerimônia que gratificou Ai, também entregou um certificado para seis meninos de um time de basquete. Os meninos tinham todos 15 anos e estavam no 1º ano de uma escola de ensino médio. Eles eram todos amigos e costumavam se reunir para jogar basquete em um parque.
Em um dia comum de atividades, perceberam que um idoso que caminhava com dificuldade de repente sentou na rua. Eles foram ajudar o homem a se levantar e ele disse que estava indo para uma loja de conveniência fazer compras.
Os meninos ajudaram o homem a caminhar e até tentaram seguir na direção da loja, mas o idoso parou de andar mais uma vez. Eles uniram forças e carregaram o homem até um banco, deixaram ele sentado e chamaram a polícia.
Era um outro idoso que estava precisando de ajuda, foi resgatado em segurança e voltou para a casa da família.
Não são poucos os casos de idosos com demência no Japão, cuidados pela família ou por instituições e eventualmente, eles acabam saindo de casa e se perdem nas ruas. Quando não são encontrados ou percebidos, podem acabar passando a noite sozinhos nas ruas ou em parques e muitas vezes morrem nessas condições.
Ter um olhar atento para o que está acontecendo ao redor e oferecer ajuda ao ver um idoso em uma situação esquisita, pode acabar salvando vidas.