Yamaga – Muitas crianças juntam o dinheiro que ganham dos pais e familiares para comprar um brinquedo novo ou um jogo. Mas uma menina no sul do Japão, que está no 6º ano da escola primária, se esforçou para juntar dinheiro durante três anos para um propósito diferente: doar e ajudar quem precisa.
Mana Noguchi é de Yamaga, na província de Kumamoto e tem 12 anos de idade. Ela carrega consigo um “cofrinho” caseiro, que confeccionou durante umas férias de verão em que tinha como tarefa desenvolver um projeto próprio e de tema livre. Ela escolheu criar uma caixinha única para guardar dinheiro e realizar sonhos.
A caixinha de Mana se chama “Cofrinho em Forma de Termômetro para Realizar Sonhos” (yume wo kanaeru ondokei-kata chokin-bako, em japonês). Ela pegou uma caixinha de madeira de 25 cm que ganhou do avô que é carpinteiro e fixou um pedaço de mangueira no centro, com 3 cm de diâmetro. No compartimento cilíndrico da caixa, a menina passou a acumular moedas de ¥500 e colocou metas financeiras nas laterais.
A decoração exibe a quantia já acumulada e o que se pode fazer com esse dinheiro. Assim como mostra a foto, de um lado há o indicativo de ¥40 mil e do outro, a sugestão de que essa quantia poderá ser usada para comprar um iPad.
Mas o sonho de Mana não era adquirir nenhum objeto para si, mas poder ajudar os outros com o dinheiro que juntou. Foi com esse objetivo que a menina iniciou seu projeto há três anos e depois de acumular ¥50 mil com o tempo e alguns esforços, decidiu que era a hora de entregar as economias para o lugar escolhido.
O dinheiro foi doado ao Conselho de Bem-estar Social local, administrado pela Prefeitura de Yamaga. A doação, entregue por Mana e o amigo Tomoki, de 9 anos, surpreendeu os responsáveis pelo setor.
O diretor Naohiro Hiejima ficou emocionado com a atitude das crianças e foi a primeira vez que o órgão recebeu uma doação de uma estudante de escola primária.
“Eu fiquei muito emocionado ao receber a doação das crianças. Vamos usar o dinheiro para ajudar outras crianças e com ações que incentivem o espírito voluntário que a Mana nos inspirou”, comentou.
Leia também: O que se sabe sobre a misteriosa bola de metal encontrada em uma praia de Hamamatsu: autoridades tentam decifrar a origem.
A vontade de ajudar
Foto de Julio Rionaldo na Unsplash (imagem ilustrativa)
Assim como qualquer outra criança, Mana também queria comprar um jogo, um console ou outra coisa que garantisse tempo de diversão com o dinheiro acumulado. Mas decidiu priorizar a ajuda para outras pessoas que precisam depois de conhecer o trabalho de sua mãe.
Mana é filha de Miki, uma mulher de 37 anos que atua em uma instituição de apoio aos trabalhadores com deficiência. Por causa disso, Mana aumentou seu interesse pelos órgãos de bem-estar social.
“Quando eu fui no trabalho da minha mãe, eu a vi atendendo as pessoas com muita gentileza e carinho e eu achei incrível o que a minha mãe fazia. Eu pensei que eu também queria me tornar capaz de levar um pouco de sorrisos para outras pessoas”, comentou.
Outra experiência impactante aconteceu na primavera de 2020, quando Mana estava no quarto ano do primário. Ela viu uma propaganda da Unicef na TV, que reúne doações para crianças que estão enfrentando dificuldades e passando fome em outros países, e se emocionou.
“Eram crianças da mesma idade que eu, sem ter o que comer e muito magras. O que é óbvio ter na minha vida não é óbvio na vida delas e eu fiquei chocada. Eu pensei no que eu poderia fazer para ajudar e cheguei a conclusão que o melhor é contribuir com doações”, disse.
E foi com esse sentimento que Mana entendeu que a vida é uma questão mais urgente do que jogos ou brinquedos e assim, abriu mão de comprar algo para si e guardou dinheiro para ajudar quem precisa.