Tóquio – Economia doméstica é um assunto de grande interesse e muitas vezes desafiador. Na jornada de economizar dinheiro ao longo do tempo e garantir uma boa poupança para o futuro, muitas pessoas acabam em uma rotina de sacrifícios indesejados.
Há quem persista nisto e há também os que acabam desistindo e preferindo desfrutar do dinheiro de hoje sem pensar no amanhã. Para quem não tem uma uma renda alta, mas um salário médio e principalmente para famílias com crianças, pode ser difícil de acreditar que existe um caminho mais tranquilo para atingir esse objetivo.
Tina Miki é japonesa, escritora e mãe de três crianças. Ela conta que, no início do casamento, tinha uma economia de zero ienes, mas percebeu a necessidade de juntar dinheiro e adotou estratégias com o marido. Ela teve seus filhos e mesmo com as despesas das crianças, depois de alguns anos, conseguiu juntar uma economia de ¥10 milhões.
“A gente não faz nada difícil para economizar dinheiro, não temos uma rotina cheia de sacrifícios, apenas deixamos de tentar guardar dinheiro do jeito errado e adotamos algumas regras em casa”, comentou.
Em um artigo para o Portal Kurashinista, ela explicou ponto a ponto de sua estratégia para economizar, que pode ser adotada por qualquer família.
Dinheiro em espécie nunca mais
No Japão ainda é comum que os pagamentos sejam feitos em dinheiro vivo e não com cartão de crédito e para quem quer economizar dinheiro, essa forma de pagamento é ineficiente.
Se você paga em dinheiro, não consegue obter nenhuma vantagem e nem acumular pontos que podem ser utilizados no futuro e garantir uma economia natural no dia a dia.
“Antes a gente pagava tudo em dinheiro e utilizávamos o cartão de crédito poucas vezes no mês. Depois eu percebi que era um desperdício pagar as contas assim. Hoje, todas as nossas despesas fixas mensais são no cartão e as compras de mercado e itens básicos no Paypay, que também dá para acumular muitos pontos”, explicou.
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Uma casa sem estoques
Miki também conta que parou de aproveitar aquelas promoções de mercado e estocar itens em casa. Agora, só tem o necessário e apenas um item extra dos produtos que utiliza no dia a dia.
“Você vê promoções em mercados e drogarias e pensa que tem que aproveitar e comprar tudo, mas acaba comprando coisas que não pretendia comprar e por mais que o preço esteja bom, é um excesso”, explicou.
Adeus, promoções
Outra estratégia que Miki adotou com a família é contra-intuitiva e de acordo com ela, é o “jeito errado” de economizar. A japonesa deixou de aproveitar muitas promoções de alimentos que encontra nos mercados.
“A regra principal é comprar apenas o que vamos mesmo utilizar até a última gota. Por mais que alguns produtos fiquem muito baratos, se você ficar comprando itens que não pretendia comprar, isto acaba extrapolando o orçamento”, disse.
Pode ser difícil ver os adesivos anunciando que o produto está pela metade do preço, mas o ponto está em discernir se é mesmo necessário ou não.
“A nossa regra é mesmo comprar só o que precisamos e nas quantidades que precisamos”.
Sem sacrifícios para comer fora
Uma família de 5 pessoas pode gastar bastante em um restaurante e, ao mesmo tempo, deixar de curtir esses momentos de lazer é um sacrifício indesejado.
Miki encontrou uma forma de balancear as idas aos restaurantes em família e garantir que não haverá exageros.
“É normal que a conta passe de ¥5 mil quando a gente vai comer fora, afinal, somos 5 pessoas. Nós disponibilizamos ¥10 mil por mês para gastar em restaurantes, então podemos ir uma vez por mês ou até duas, dependendo do lugar onde vamos”, explicou.
Eventualmente, eles conseguem ir no sushi ou em restaurantes de yakiniku (churrasco japonês) e aproveitar esses momentos sem se preocupar com as economias.
“Não gosto de regras muito rígidas de economia, como decidir que não vamos em restaurantes de jeito nenhum para guardar dinheiro. É preciso aproveitar também, mas sempre cuidando o orçamento mensal”, opinou.
Sem “passadinhas” em lojas
Quem não vê, não compra e Miki sabe disso. As lojas de departamento ou de artigos gerais, como as famosas lojas de ¥100 que tem de tudo por um baixo preço, são tentadoras. É difícil dar uma volta em uma loja dessas e ir embora de mãos vazias.
“Se eu não preciso comprar nada, não entro na loja. Não tenho confiança para dizer que se entrar, vou sair sem comprar. Então é melhor nem entrar e assim evito despesas desnecessárias”, explicou.
E quando precisa mesmo comprar algo, Miki diz que faz uma lista e compra tudo que é necessário de uma vez só, em uma única ida nas lojas.
Um estilo de vida sem desperdícios
Por fim, Miki garante que a chave para economizar no dia a dia não está em fazer sacrifícios, mas em evitar desperdícios.
“Antes eu acaba gastando sem necessidade e tomava atitudes estressantes para tentar guardar dinheiro. Só comecei a juntar quando eu parei de fazer sacrifícios momentâneos e fui atrás de entender onde o meu dinheiro estava indo embora sem necessidade. É uma questão de mudar os hábitos e a mentalidade também”, finalizou.