Tóquio – Há quase dois anos da pandemia, o Japão registra seus piores números e a capital Tóquio vem sofrendo com uma explosão de casos por conta da ômicron.
Dos dias 13 a 19 de janeiro, a média diária ficou em torno de 4.555 casos novos, cerca de 4 vezes mais do que na semana anterior, que registrava cerca de 1.135 novas infecções.
E os números estão em uma crescente diária. Na quinta-feira, foram mais de 8.600 novos casos em Tóquio e nesta sexta, mais de 9600. Um novo recorde foi batido pelo terceiro dia consecutivo. De acordo com a emissora NHK, especialistas apontaram que neste passo, em uma semana, os novos casos na província devem passar de 18 mil por dia.
Isto desencadeou novas restrições. A partir desta sexta-feira (21) e até 13 de fevereiro, pelo menos 17 províncias terão medidas mais rigorosas, como limite no horário de atividade de restaurantes e número de pessoas que podem se encontrar nesses espaços. As províncias afetadas são: Tóquio, Saitama, Chiba, Kanagawa, Gunma, Tochigi, Niigata, Aichi, Gifu, Mie, Osaka, Quioto, Hyogo, Kagawa, Nagasaki, Kumamoto e Miyazaki.
O aumento de casos tem se refletido no país todo. Na quinta-feira (20), foram mais de 46 mil casos em todo o país, um novo recorde batido também a níveis nacionais. O cenário se apresenta como uma crise nunca vista antes nesta pandemia.
A reportagem da emissora NHK contou que na quinta-feira, houve uma reunião online entre autoridades do governo de Tóquio e especialistas, infectologistas e outros estudiosos passam um quadro realista da situação de contágios.
Um dos especialistas apontou que a sociedade está prestes a enfrentar uma crise inédita e se os casos continuarem neste ritmo, é provável que ocorra uma paralisação geral das atividades sociais.
Uma das maiores preocupações é com os idosos que possuem mais chances de sofrer complicações de saúde com o vírus. A transmissão domiciliar e em lares de idosos pode aumentar e é preciso um plano preventivo com esforços máximos.
Novas infecções e a ômicron
Os dados de saúde em Tóquio mostram que 95% dos novos casos diários são suspeitos da ômicron, variante descoberta na África em novembro do ano passado e que se alastrou rapidamente, por ter um maior poder de contágio.
O professor da Universidade Médica e Farmacêutica de Tohoku e líder da mesa de especialistas do governo japonês, Mitsuo Kaku, comparou a velocidade de infecções atuais com a variante delta e reforçou a necessidade de cuidados extremos.
“A ômicron atingiu 90% das infecções em Tóquio apenas 5 semanas depois de ter sido confirmada pela primeira vez na província. A delta levou 10 semanas a mais para chegar neste nível. É uma velocidade que não tinhamos visto antes”, alertou.
O professor disse ainda que medidas que não estavam sendo tomadas antes precisam ser reforçadas agora para conter a pandemia.
“Fazer refeições prolongadas e sem máscara e encontros em restaurantes devem ser evitados. Precisamos reforçar essas medidas e diminuir os riscos de novas infecções”, apontou.
Se a situação seguir no passo atual, é possível que o governo tome medidas ainda mais rigorosas para conter o vírus, o que pode afetar vários setores da economia. A tendência é voltar para um isolamento máximo, home office e redução do tempo em espaços públicos, mesmo com o objetivo de fazer compras.