Shizuoka – O Japão entrou na primavera, a temperatura está mais agradável, mas ainda não é época de escalar o Monte Fuji. A temporada costuma iniciar anualmente em julho e vai até setembro. Por causa das condições climáticas e da abertura das instalações, o verão é o momento ideal para se aventurar no monte mais alto do Japão.
Nesta semana, a agência de notícias Kyodo News reportou a morte de um montanhista estrangeiro. O caso reforçou, mais uma vez, os perigos de escalar fora da temporada. O inverno é o período mais perigoso para escalar a montanha e entre os meses de dezembro e março, há muita neve, gelo e ventos fortes. Mesmo para um montanhista experiente é fácil sofrer um acidente durante o trajeto.
Na tarde do dia 31 de março, um homem nepalês, de 40 anos e uma amiga escorregaram quando estavam na 8ª estação, a caminho do topo.
Mesmo ferida, a mulher conseguiu ligar para o número de emergências 110 e pedir socorro. Ela foi resgatada no dia seguinte e está fora de perigo, mas o homem não resistiu.
O Monte Fuji tem mais de 3 mil metros de altura e os montanhistas enfrentam temperaturas oscilantes mesmo durante o verão. É necessário escalar com equipamentos e roupas adequadas e aproveitar os alojamentos para descansar e prevenir problemas de saúde durante o trajeto de várias horas até o topo.
Fora de época e principalmente no inverno, a escalada se torna perigosa. A neve e as condições climáticas tornam a trilha ainda mais desafiadora ao montanhista, os alojamentos estão fechados, não é possível usar os banheiros e o socorro em caso de quedas e ferimentos pode demorar.
A administração do Monte Fuji disponibiliza informações de segurança também em português para quem quer escalar a montanha mais famosa do país. O preparo é fundamental, ainda mais se não houver experiência com escaladas: veja aqui (https://www.fujisan223.com/pt/rule/).
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Outros casos de tragédia
Montanhistas que subiram uma parte do trajeto no inverno e retornaram. Foto: Bluesky.rash
O Monte Fuji costuma registrar mortes anuais. Alguns acidentes acontecem durante a temporada, quando a montanha fica apinhada de turistas, montanhistas profissionais, amadores e aventureiros.
Porém, é bem comum também que as fatalidades aconteçam fora de época, como no caso do nepalês. Em janeiro do ano passado, houve uma uma morte de um homem que sofreu um acidente perto do topo. Era inverno e ele escorregou na neve e caiu por vários metros na trilha de Gotemba.
Outras pessoas ligaram para a emergência, mas o resgate levou horas e quando o homem foi encontrado, a cerca de 200 metros do topo, já estava sem sinais vitais.
Um caso que ficou bastante conhecido foi de um brasileiro que morreu durante a escalada em setembro de 2018. Tiago Nakamura, de então 41 anos, tentou escalar no fim da temporada, mas não estava com roupas adequadas e o tempo era chuvoso. Ele sofreu um ferimento na perna durante o trajeto e acabou se separando dos amigos.
Uma pessoa que percebeu que ele não se mexia pediu ajuda. O homem foi resgatado, mas teve a morte confirmada algumas horas depois e a causa foi hipotermia. Este caso mostrou a importância de se preparar bem antes da escalada, considerando as variações de temperatura, dificuldades no trajeto e contratempos.