Tóquio – Na segunda-feira (10), o Japão atingiu as temperaturas mais elevadas deste verão. A cidade de Kumagaya em Saitama e o distrito de Nerima em Tóquio chegaram a 37,8℃.
O tempo úmido, abafado e as temperaturas se aproximando dos 40℃ tornam o cenário adequado para a hipertermia: a condição perigosa que ocorre quando há o aumento da temperatura do corpo e que pode ser fatal.
Por volta das 21h de segunda, 134 pessoas foram levadas para o hospital por causa dos sintomas da hipertermia e 7 pessoas entre 40 e 89 anos de idade acabaram internadas em estado grave.
Os idosos são mais frágeis ao calor extremo e as principais vítimas fatais da hipertermia durante o verão japonês. E o calor não é a única questão, mas também a relutância em refrigerar o ambiente mesmo quando há um aparelho de ar-condicionado em casa.
Idosos em idade avançada podem sentir menos o impacto do calor e quando passam muito tempo em apartamentos abafados, muitas vezes bebendo pouca água, se tornam vítimas fáceis para a hipertermia.
Os dados mostram que mais de 60% dos casos de hipertermia são de idosos e é preciso um trabalho de conscientização maior para prevenir essas mortes.
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O apartamento abafado
Uma equipe de reportagem da Emissora Fuji TV visitou o apartamento de Yoshinosuke Horikoshi, um homem de 83 anos de idade que vive sozinho em Tóquio. A entrevista com o idoso foi exibida no programa Mezamashi-8 da Fuji.
Quando os repórteres chegaram no apartamento do idoso, já havia passado das 16h, mas a temperatura na rua estava acima de 30℃. A primeira coisa que chamou atenção da equipe foi o acúmulo de calor e o abafamento dentro dos cômodos.
Alguém comentou que todos os cômodos estavam muito quentes e perguntou se o homem tinha ligado o ar-condicionado. Ele respondeu que ainda não ligou o aparelho este ano, mas poderia ligar amanhã ou depois.
“Por que você não quer ligar o ar-condicionado?”, perguntou um repórter ao idoso.
“Acho que não faz bem para a saúde. Hoje realmente está quente, mas mesmo assim entra um ventinho bom aqui”, disse ele.
A equipe ficou espantada ao saber que o homem não tinha ligado o ar-condicionado nenhuma vez ainda e apesar de ter um ventilador, estava fechado na caixa.
Ele disse que toma bastante água de noite para evitar a hipertermia e dorme com as janelas abertas. Mas uma câmera térmica foi utilizada dentro do apartamento e indicou que os cômodos estavam tomados pela luz vermelha.
A temperatura dentro do apartamento era superior a 35℃. Depois de saber disso, o idoso comentou:
“Eu não sinto esse calor todo. Sei que está quente, mas não sinto calor a esse ponto”.
Os repórteres pediram para ligar o ar-condicionado para testar e ele deixou. A temperatura baixou, mas o homem não ficou satisfeito.
“Eu realmente não gosto de ar-condicionado, não acho que é boa essa sensação no quarto. Eu não acho agradável”, disse.
A questão de Horikoshi é comum entre os idosos e é por isso que há a necessidade de tomar ainda mais cuidado durante o verão.
O vice-diretor do Hospital Jikei de Saitama, Tsuyoshi Fujinaga, contou como a condição física dos idosos acaba favorecendo a hipertermia.
“Os idosos são muito propensos a sofrer hipertermia. Eles não sentem tanto as temperaturas mais extremas, como o calor e o frio e principalmente o calor. É também comum que não sintam muita sede e se bebem pouca água e estão expostos ao calor, acabam sofrendo de hipertermia. É preciso tomar muito cuidado”, explicou.
O risco de hipertermia existe mesmo para os mais jovens e é preciso tomar cuidado durante todo o verão. Evitar a prática de atividade física debaixo do sol nos dias mais quentes, beber bastante água e procurar refúgio em ambientes climatizados.