O painel de investigação de terremotos do governo japonês anunciou nesta sexta-feira (26) uma revisão na probabilidade de ocorrência de um megaterremoto na Fossa de Nankai. Segundo a nova avaliação, o risco para os próximos 30 anos varia de 60% a 90% — ou mais, em comparação com a estimativa anterior de cerca de 80%.
A mudança reflete a adoção de um novo método de cálculo, que considera incertezas e possíveis erros nos dados utilizados até então. De acordo com o painel, isso não significa que o risco tenha aumentado, mas sim que a faixa de probabilidade foi recalculada com base em informações mais abrangentes.
“A situação permanece a mesma: um terremoto pode ocorrer a qualquer momento. Recomendamos continuidade nos preparativos para desastres”, alertou Naoshi Hirata, professor emérito da Universidade de Tóquio e presidente do painel.
Histórico das estimativas
Em 2013, a probabilidade havia sido fixada em 60% a 70%, levando em conta registros de elevação crustal no porto de Murotsu (Kochi, Shikoku) e intervalos históricos entre grandes terremotos. Esse índice foi sendo ajustado ao longo do tempo e atingiu 80% em janeiro deste ano.
A revisão atual surgiu após pesquisas recentes apontarem falhas nos dados de Murotsu. Usando um modelo que trabalha com informações limitadas, a estimativa passou a ser de 60% a 90% ou mais. Outro método, que não se baseia naqueles dados, apresentou probabilidades menores (20% a 50%), mas os especialistas decidiram destacar a faixa mais alta como forma de reforçar a necessidade de preparação da população.
Risco constante
A Fossa de Nankai é uma trincheira oceânica localizada ao longo da costa do Pacífico do Japão, onde as placas tectônicas da Eurásia e do Mar das Filipinas se encontram. Acredita-se que megaterremotos nessa região ocorram em intervalos de 100 a 150 anos.
Já se passaram cerca de 80 anos desde os últimos grandes eventos: o terremoto de Tonankai, em 1944, e o terremoto de Nankai, em 1946.
Diante desse cenário, especialistas reforçam que a população e as autoridades devem manter os planos de prevenção e resposta a desastres atualizados, pois o risco permanece imprevisível, mas iminente.