Tóquio – Uma prática milenar em países como a Índia e a China e ao mesmo tempo, controversa e repugnante. O ato de beber a própria urina promete benefícios para a mente e o corpo, juventude duradoura e cura de doenças variadas, mas não há comprovação científica.

No Japão, a mangaká Kitsuku Manshu, mais conhecida como Mankitsu, já foi uma adepta desta prática. Aos 49 anos, Mankitsu que é autora de Yu-Yu Wonderland, um mangá que virou dorama no ano passado, esbanja beleza e jovialidade. 

Ela está longe de parecer ter a idade que tem e em uma entrevista para o Portal Bunshun Online, contou que é obcecada por tratamentos de beleza e já testou muitas coisas. O ato de beber o primeiro xixi do dia todas as manhãs foi um dos testes que, segundo ela, gerou um bom resultado.

A cartunista passou a beber a própria urina depois de ouvir sobre os benefícios para o corpo e a mente. Os defensores da prática tratam a urina como um líquido milagroso que é produzido pelo próprio organismo para beneficiá-lo. Famosos como os lutadores de MMA Lyoto e Chinzo Machida e até mesmo a Madonna já se mostraram adeptos e favoráveis.

Há histórias de pessoas que dizem que curaram diabetes, depressão, hipertensão, problemas de pele e doenças variadas com o hábito de beber a própria urina todos os dias ou passar na pele e no corpo. Porém, muitos profissionais de saúde desaconselham a prática. O médico Andrew Thornber, do Reino Unido, explicou para a BBC:

“Em uma pessoa saudável, a urina é 95% água, mas os outros 5% são produtos expelidos pelo organismo, como potássio e nitrogênio. Se você tiver uma alta concentração no seu corpo, isto pode causar problemas. Se você bebe, terá a urina mais concentrada, o que pode causar problemas nas suas entranhas, os rins terão que trabalhar mais para filtrar o excesso”, explicou.

Não há estudos que comprovem os benefícios, apenas histórias de pessoas que testaram, entre elas, a cartunista Mankitsu. Veja a entrevista para o Bunshun Online:

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A urina e tratamentos de beleza

É verdade que você testou a urinoterapia?

Sim. Eu já testei muitos tratamentos de beleza e antes de começar a urinoterapia, eu tentei uma dieta livre de lectinas, mas é uma proteína presente na soja, feijão, beringela e muitos alimentos e isto restringiu demais a minha alimentação. Em dois meses, meu peso e colesterol baixaram, mas eu estava mal nutrida e me sentia péssima, sem energia.

Até minha produção de mangá caiu muito nessa época. Então eu soube da urinoterapia e que havia benefícios mentais além de físicos e decidi experimentar. Se você está depressivo, é difícil se animar para beber urina, não é mesmo? Mas seja coincidência ou não, na época que bebia, minha menstrução que sempre foi desregulada passou a vir certinho.

Qual o gosto da urina?

É difícil explicar, é como beber água do mar. Porém, muda de acordo com a alimentação. Se eu comer curry, minha urina do dia seguinte terá gosto de curry! Não é muito saboroso. Quando eu vejo que algum comportamento leva a um determinado resultado, eu sou o tipo de pessoa que quer testar e verificar por conta própria.

O que te levou a se preocupar mais com a beleza?

Foi uma experiência que tive quando tinha vinte e poucos anos. Na época, levei um fora de um namorado e pensei que teria sido diferente se eu fosse mais bonita. E então eu comecei a cuidar mais da aparência e da pele, isto se tornou comum para mim.

Quais tratamentos de beleza você recomenda?

Algo que foi bom foi a depilação do rosto. Antes, se eu não fizesse nada, as minhas sobrancelhas se juntavam de tão peludas que eram. Eu precisava raspar frequentemente com uma lâmina. Mas, ao fazer a depilação, essa preocupação acabou de uma vez, e não tive mais danos na pele causados pela lâmina. Minha pele também ficou um tom mais claro, e sinto que os produtos de cuidados com a pele são absorvidos mais facilmente.

Além disso, recomendo o sabonete esfoliante de uso a curto prazo. A esfoliação, se feita continuamente, pode causar mais danos à pele, então é difícil determinar o ponto ideal. Já aconteceu de eu acabar com “pele de vinil” (quando a camada córnea se torna fina demais pelo excesso de cuidado e enfraquece suas barreiras). Em uma dose adequada, é muito bom.