O ministro da Agricultura do Japão, Taku Eto, se viu no centro de uma controvérsia nesta segunda-feira (20) após afirmar que “nunca precisou comprar arroz”, graças a doações de apoiadores. A declaração, feita durante um evento político no domingo (19), gerou forte reação do público e forçou o ministro a pedir desculpas em meio à crise de preços do alimento básico no país.
A fala de Eto foi revelada pelo Kyodo News e rapidamente repercutida por outros veículos da mídia japonesa. Nas redes sociais, milhares de usuários expressaram indignação, acusando o ministro de insensibilidade diante da realidade enfrentada pelos consumidores. “Você está acabado. Apresse-se e renuncie”, escreveu um usuário na plataforma X (antigo Twitter).
Questionado pela imprensa, Eto afirmou ter se expressado mal e sugeriu que exagerou para animar a plateia. “Acabei de levar uma bronca da minha esposa por telefone. Somos só nós dois, geralmente temos arroz o suficiente, mas ela me disse que, quando acaba, ela é quem vai comprar”, declarou o ministro. Apesar das críticas, Eto não respondeu diretamente se pretende deixar o cargo.
Imagens divulgadas pela emissora NHK mostram o ministro discursando no evento e afirmando até que “tinha arroz suficiente para vender”. A repercussão negativa destaca o quanto o tema se tornou sensível no Japão, principalmente entre eleitores que vêm enfrentando uma escalada histórica nos preços do grão.
O impacto político das declarações pode agravar a situação do primeiro-ministro Shigeru Ishiba e de seu partido, o Liberal Democrata (PLD), que enfrentam eleições importantes para a Câmara Alta em julho. Uma pesquisa divulgada no domingo mostrou que o apoio ao governo Ishiba caiu para o recorde mínimo de 27,4%, com quase 90% dos entrevistados insatisfeitos com a resposta do governo à alta no preço do arroz.
De acordo com dados recentes, após uma breve queda, os preços voltaram a subir na semana encerrada em 11 de maio, chegando à média de 4.268 ienes por um pacote de 5 quilos — valor duas vezes maior do que o registrado no mesmo período do ano passado. Entre os fatores que pressionam o mercado estão as perdas agrícolas causadas por calor extremo e o aumento da demanda com o boom do turismo.
Desde março, o governo tenta conter a alta liberando estoques emergenciais de arroz, mas até agora, a medida mostrou pouco efeito. Enquanto isso, a pressão popular aumenta, e declarações como a de Taku Eto colocam ainda mais em xeque a credibilidade do governo diante de uma crise que afeta diretamente a mesa do consumidor japonês.