Tóquio – O pesadelo da pandemia parece estar perto de um desfecho, mas os respingos podem permanecer na economia mesmo após a liberação total das restrições. Sob a nova administração do premiê Fumio Kishida, o governo tem planejado ações para revigorar o plano econômico do país.
Neste contexto surgiu o “Grande Plano Preventivo para a Economia”, (Oogata Keizai Taisaku) que vem sendo organizado pelas autoridades do governo neste mês de novembro. Uma das medidas que mais chamou atenção foi o projeto de fornecer ¥100 mil a todos os menores de 18 anos, sem limite de renda para receber a ajuda.
De acordo com uma reportagem da emissora Fuji TV, a medida deve beneficiar cerca de 20 milhões de crianças e jovens em todo o país.
O plano havia sido divulgado pelo partido Novo Komeito durante a campanha das eleições gerais de outubro, como uma medida vital ao plano de incentivo à criação dos filhos, uma pauta que ganha cada vez mais importância no governo japonês.
A emissora mostrou a reação de algumas mães de crianças pequenas, depois de serem informadas sobre a medida:
“Fico muito feliz. Meu filho mais novo vai para a creche ano que vem e é uma época de muitas despesas com as crianças. Este dinheiro vai ajudar muito”, disse uma mulher na faixa de 40 anos, mãe de duas crianças de 7 e 3 anos.
“A ajuda vem em uma boa hora. Para aqueles que estão se perguntando sobre a finalidade, acho que muitos deixarão dívidas para o futuro das crianças e ao pensar nisso, com certeza é necessário”, comentou uma mulher na faixa de 30 anos, com dois filhos de 1 e 3 anos.
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O plano do governo japonês e divergências
Durante a live para as eleições da emissora Fuji, o premiê japonês Fumio Kishida foi questionado sobre como pretende dar andamento ao plano e deu a seguinte resposta:
“As visões do Partido Liberal Democrata (PLD) e o Novo Komeito divergiram em vários planos com relação ao plano econômico, mas essa questão de fornecer a ajuda de ¥100 mil aos jovens foi um ponto de alinhamento. Estamos trabalhando para que seja possível efetivar a ajuda rapidamente”.
Enquanto as famílias com crianças e jovens em casa comemoraram a ajuda, muitas pessoas de fora da abrangência dos ¥100 mil questionaram alguns pontos dessa medida:
“Não entendi o limite de 18 anos. Muitas famílias possuem jovens universitários em casa que precisam de recursos para os estudos. Fiquei pensando que nós também devíamos receber o benefício”, disse uma jovem de 20 anos.
“Tudo bem, mas e essa história de não ter limite de renda?”, questionou um homem na faixa de 70 anos.
A falta do limite de renda também foi um ponto polêmico em 2020, quando o então primeiro-ministro Shinzo Abe distribuiu ¥100 mil para todos os cidadãos no auge da pandemia. Assim como o plano atual, o objetivo de Abe era incentivar a economia com esses recursos, considerando que muitas pessoas perderam renda e emprego por causa do coronavírus.
No entanto, o fato de não ter definido limite de renda ou condições para a entrega do dinheiro também fez com que muitas pessoas que não estavam precisando recebessem o benefício.
Na época, o ministro das Finanças Aso Taro apontou que a ajuda acabou “engordando” a poupança de muitas pessoas, em vez de se reverter em consumo.