Tóquio – A noite de Halloween saiu dos limites da diversão e se tornou um pesadelo real no trem de Tóquio. Na madrugada de 31 de outubro, um jovem vestido como o personagem coringa e munido com uma faca, feriu 17 pessoas em um trem da linha Keio, entre Tóquio e a cidade de Chofu.
O incidente gerou pânico, correria e imagens chocantes. O “coringa japonês” foi preso e identificado como Kyota Hattori, de 24 anos. Ele deu diversas declarações para a polícia, disse que queria matar o maior número de pessoas e pretendia provocar uma explosão com inseticídas, por isso carregava cinco latas de spray.
Ele feriu as vítimas com facadas, colocou fogo no vagão e deixou um idoso de 72 anos gravemente ferido. A polícia descobriu ainda que Hattori estava há um mês hospedado em um hotel na cidade de Hachioji, pagando a despesa com dinheiro de empréstimo de uma instituição financeira.
O jovem também estava planejando o atentado desde junho e suas motivações passavam por uma grande insatisfação com a vida.
O programa Mezamashi-8, da emissora Fuji TV, conversou com conhecidos de Fukuoka, a terra natal dele. Colegas dos tempos da escola primária e ginasial mostraram espanto com as notícias do crime.
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“Um menino sério e alegre”
Foi assim que Hattori foi descrito por seus ex-colegas. Um jovem que estudou com ele no primário e no ginásio deu a seguinte declaração:
“Eu nunca pensei que ele poderia fazer isso e sinceramente, estou espantado. Ele era um garoto sério e estudioso, super comum em qualquer escola”, disse.
Outro colega frisou que Hattori também era cordial e alegre.
“Ele cumprimentava todo mundo e era um garoto alegre. Não era o tipo de pessoa que provocaria um atentado como esse”, afirmou.
O simples fato de o jovem estar fumando no trem gerou estranheza para quem o conhecia desde os tempos antigos.
“É impensável que o Hattori que eu conheço estaria fumando dentro de um trem, para começo de conversa. O fato de ele estar com os cabelos loiros também foi chocante”, disse outro conhecido, muito espantado com o atentado.
O perfil psicológico do “coringa japonês”
O jovem que parecia comum e incapaz de ferir alguém, de repente, se transformou em um assassino em massa. A emissora perguntou aos amigos se teve algum episódio marcante e tudo o que eles disseram foi que Hattori tinha uma namorada, mas terminou e ela se casou com outra pessoa. Um fato que talvez não tenha tanta interferência.
Depois que foi preso, ele deu a seguinte declaração para a polícia, sobre as motivações para o crime:
“Eu fracassei no trabalho e minhas amizades não estavam indo bem. Eu pensei que queria morrer, mas não precisava cometer suicídio, eu podia receber a pena de morte”.
O passageiro do trem que fotografou Hattori também contou detalhes sobre como o jovem estava naquele momento em que tinha tomado a decisão de matar pessoas.
“Eu estava a 2 ou 3 metros de distância dele fiquei observando. Ele não olhou para mim. Tinha uma faca na mão direita e segurava, trêmulo, um cigarro na mão esquerda. Ficou daquele jeito por uns cinco minutos”, descreveu.
O professor da Universidade de Toyo, Masayuki Kiriu, é especialista na mente criminosa e relacionou o comportamento e as declarações de Hattori com o perfil de alguém que tenha extravasar suas insatisfações com a vida.
“Este tipo é orgulhoso e acredita não estar recebendo o tratamento que merece. Então desenvolve um forte sentimento de rebeldia com a sociedade e tentar extravazar suas insatisfações de uma só vez”, explicou.
Um atentado realizado em um local com muitas pessoas tambéms se torna uma forma do indivíduo deixar um registro de suas ações. Ainda mais vestindo as roupas de um personagem tão marcante, a ponto de se tornar conhecido como o “coringa japonês”.
“Um local lotado, sem possibilidade de fuga. Ele escolhe este tipo de ambiente para o crime e quer deixar registrado. Acredita que se matar muitas pessoas, suas ações não serão esquecidas. Há este tipo de expectativa”, explicou.