Tóquio – É uma boa notícia ao Japão o fato de que o turismo voltou com tudo e está reaquecendo a economia do país. Por outro lado, algo tem preocupado as autoridades nos aeroportos: os inúmeros casos de estrangeiros e japoneses desavisados que acabam trazendo itens proibidos ao país.
Além das substâncias ilícitas de conhecimento geral, o Japão não aceita que os viajantes desembarquem com uma lista de produtos, muitos alimentícios. Não é permitido entrar no país com carnes, saladas e frutas, por exemplo, por causa das possibilidades de proliferação de bactérias e os riscos de trazer insetos e pestes de outros países junto com esses alimentos.
Uma reportagem da Emissora TBS mostrou com mais detalhes o que anda acontecendo nos aeroportos japoneses.
No Aeroporto de Narita, em Tóquio, os agentes da quarentena acabaram interceptando a salada caseira que um turista da Alemanha trouxe na bagagem.
Ele disse que não sabia que era proibido e era a primeira vez que visitava o Japão.
“Não tinha certeza se ia encontrar um local para fazer as refeições até chegar no Japão e fiquei preocupado que poderia sentir fome, então trouxe essa salada na mochila. Nem imaginava que não podia”, contou.
Outros dois vietnamitas, que também desembarcaram no Japão para turismo, estavam com marmitas na mala com mistura de alimentos como carnes e salame. Os agentes detectaram 10 itens proibidos entre os alimentos.
Durante todo o ano de 2022, a Alfândega do Japão registrou 54.429 casos de viajantes, estrangeiros ou japoneses, que trouxeram itens proibidos de outros países. Depois que o turismo reabriu, a situação se agravou. Só entre os meses de janeiro e junho deste ano, foram mais de 62 mil casos, o que já superou a margem de todo o ano anterior.
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Os riscos de multas e penalidades
Em entrevista para a Emissora TBS, Yusei Shiraishi, servidor do Ministério da Agricultura e Atividade Pesqueira do Japão, comentou que os viajantes desinformados também correm riscos de sofrer multas e punições legais.
É claro que os casos que envolvem a polícia são os criminais, que envolvem o porte de substâncias ilícitas, como narcóticos. Uma professora japonesa acabou se dando mal por ter trazido ao Japão folhas de Coca adquiridas em uma viagem para a Colômbia, mas há casos, por exemplo, de viajantes que trazem bolinho de maconha de países que permitem o consumo ou substâncias ilícitas que estão na composição de cosméticos, medicamentos ou sais de banhos.
É sempre bom pesquisar e ver se não tem nada que é proibido no Japão antes de trazer ao país.
Shiraishi explicou que muitos casos se resolvem na conversa, mas há casos de multa também.
“Quando o viajante traz uma salada ou carne pela primeira vez, a gente explica que não pode, recolhe o alimento e fica por isso mesmo. Porém, se a pessoa voltar a trazer itens e alimentos proibidos no Japão, terá que arcar com uma multa”, explicou.
Três amigos de Los Angeles, que retornaram ao Japão, tiveram problemas com a quarentena por terem colocado os alimentos que receberam no avião dentro da bagagem.
“Eu comi macarrão instantâneo no voo e pensei em comer a comida do avião em casa. Não pensei que iam recolher a comida por causa da carne”, explicou um deles.
Não é permitido desembarcar com nenhum tipo de carne, salsicha, presunto, salada, alimentos congelados, plantas e em alguns casos pode haver uma avaliação dos agentes, como no caso de frutas secas, flores e café.
“Trazer alimentos proibidos, como carnes e verduras ao Japão pode acarretar em uma multa inferior a ¥ 3 milhões para pessoa física e ¥50 milhões para pessoa jurídica e até três anos de detenção. O mesmo vale para plantas que não passaram por uma inspeção de importação”, explicou Shiraishi.
A principal recomendação é nunca desembarcar com alimentos recebidos no avião e se desfazer das marmitas antes de chegar no aeroporto. Além disso, tome cuidado com as lembrancinhas e itens comprados em outros países, sempre verifique a composição e pesquise para saber se não há substâncias proibidas pelas leis japonesas.