Tóquio – Quando chegar o dia em que as máscaras se tornem totalmente dispensáveis, talvez nada mude para quem mora no Japão. A rotina de estações, shoppings e outros espaços públicos onde a maioria das pessoas está mascarada pode se transformar em um novo normal definitivo.
Especialistas já haviam apontado para a possibilidade do uso diário de máscaras afetar o psicológico de tal forma em que o acessório passa a ser visto como uma roupa íntima, provocando muita vergonha com a ideia de andar sem.
Uma pesquisa divulgada pela emissora Tokai TV mostra que talvez isto esteja se tornando mesmo realidade. Uma empresa de pesquisa perguntou para quase 1000 pessoas entre 10 e 69 anos sobre as intenções com relação ao uso da máscara pós-pandemia.
As respostas mostram que 22% das pessoas querem continuar vivendo de máscara mesmo sem pandemia e 32,5% querem usar o acessório sempre que for possível. As respostas se destacaram mais ainda na faixa etária de mulheres de 20 a 39 anos.
Os principais motivos para querer estar de máscara mesmo sem grandes riscos de infecção é a vergonha de mostrar o rosto e a praticidade. Muitas mulheres disseram que, de máscara, precisam se preocupar menos com a maquiagem e perdem menos tempo.
Algo parecido também se destacou nas respostas dos homens. Cerca de 30% dos entrevistados entre 20 e 29 anos e entre 60 e 69 anos disseram que também preferem continuar de máscara no dia a dia mesmo sem pandemia.
Uma das razões é não precisar se preocupar em fazer a barba ou tirar o bigode, já que o rosto fica escondido.
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Polêmica com as máscaras além da vergonha
O governo japonês já está discutindo a possível liberação das máscaras em determinadas circunstâncias. O acessório pode ajudar a barrar a transmissão do coronavírus, mas causa outros prejuízos. As temperaturas estão aumentando e quando chegar o auge do verão, as máscaras podem desencadear mais casos de hipertermia.
A condição caracterizada pelo aumento da temperatura corporal leva milhares de pessoas para as emergências hospitalares todos os anos e provoca mortes, principalmente de idosos.
No entanto, o premiê japonês Fumio Kishida constatou em uma reunião com o Comitê do Ministério da Saúde, realizada no último dia 12, que afrouxar as medidas de uso da máscara ainda está fora da realidade.
Porém, Kishida disse que “se houver uma considerável distância entre as pessoas”, é possível tirar a máscara ao ar livre.
Isto já pode ajudar a combater as consequências do verão de altas temperaturas e riscos para a saúde. A questão é como a população irá reagir, já que muitos estão propensos a não abandonar as máscaras e ficar sem o acessório, mesmo ao ar livre, tem se tornado motivo de constrangimento social.