Tóquio – O aumento do número de pessoas que tem vício em jogos e na internet parece ser mais um efeito negativo da pandemia do novo coronavírus.
Um estudo da empresa KDDI e do Instituto Internacional de Pesquisa em Telecomunicações Avançadas (ATR) investigou e comparou a situação de cerca de 50 mil pessoas, homens e mulheres entre 20 e 69 anos de idade.
Os resultados foram divulgados em uma reportagem do Jornal Asahi e os detalhes da pesquisa (em inglês) podem ser verificados aqui.
O estudo usou escalas de avaliação internacional e verificou como era o consumo de internet e jogos em 2019, antes do surgimento do vírus e na metade do ano passado, depois de um período de quaretena, restrições e casos elevados da covid-19.
A pesquisa considerou o vício em internet como uma condição em que o usuário não consegue por limites na atividade e prioriza o uso, negligenciando outras tarefas mais importantes.
A tendência de aumento destes casos foi de 1,5 vezes em comparação com o cenário pré-pândemico de dezembro de 2019. Foi observada ainda uma tendência ao desenvolvimento do vício na medida em que o usuário aumenta o tempo que passa no smartphone.
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Vício em jogos
O vício em jogos não é muito diferente do vício em internet e também se caracreriza pela incapacidade de restringir o tempo despendido na atividade e na priorização dos games no cotidiano, o que faz com que o jogador negligencie outras atividades.
Este tipo de vício aumentou em 1,6 vezes em comparação com a situação de vida dos entrevistados em dezembro de 2019. Muitos danos foram observados, como a insatisfação pessoal quando o usuário gamer não consegue aumentar o tempo de diversão com jogos, irritabilidade e falta de interesse em outras atividades.
A pesquisa também comparou os casos de vício em jogos e internet entre pessoas que tiveram a covid-19 e pessoas que não chegaram a se contaminar com o vírus durante o primeiro ano da pandemia.
Os resultados mostraram que a tendência a desenvolver este tipo de vício é 5,67 vezes maior nos indivíduos que tiveram que tratar a doença.
De acordo com a ATR, isto se deve ao fato de que os games e as internet se tornaram meios de lidar com o estresse dos sintomas da doença e a preocupação com a condição de saúde no período de quarentena, tratamento e recuperação em casa.
Os dados mostraram ainda uma tendência maior ao vício nas gerações mais jovens, com menos de 30 anos de idade.
Taiki Oka, um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo, afirmou que os resultados são preocupantes e indicam um problema desafiador para a sociedade atual.
“A disseminação do coronavírus trouxe influências negativas que resultaram no aumento do vício. É preciso pensar nos meios corretos de lidar com a internet e jogos, ao mesmo tempo em que combatemos a transmissão do vírus”, assinalou.