Kisarazu – Os ativistas da causa animal até tinham boas intenções, mas cometeram um crime ao roubar dois cães do pátio de um idoso. Na semana passada, a polícia japonesa efetuou a prisão de três voluntários: Rie Takahashi e Ai Okajima de 29 anos e Tokuji Sato, de 51 anos.
Os três estão sendo acusados de compactuar e agir em conjunto para tirar dois cães da raça Dobermann do pátio de um homem de 79 anos. Os animais que sumiram eram uma fêmea adulta e o filhote e o desaparecimento foi registrado no dia 8 de maio.
Neste dia, Okajima, uma das suspeitas, teria convidado o idoso para ir comprar ração com ela, na cidade de Kisarazu (província de Chiba). Os dois saíram juntos e quando voltaram uma hora depois, os cães tinham desaparecido. O idoso é dono de quatro cachorros e no mês passado, houve um episódio em que os animais sumiram e depois foram encontrados.
Desta vez, apenas dois dos quatro cães tinham desaparecido e o caso estava sendo tratado pela polícia local como uma fuga. Uma das responsáveis pelo furto dos cães estava “ajudando” a polícia como voluntária das buscas e deu uma entrevista para a emissora Fuji sobre o caso, antes de seu envolvimento ser descoberto.
Na entrevista, ela critica claramente o idoso e fala das péssimas condições do local. Mas finge não ter nada a ver com o desaparecimento e insiste em tratar o caso como uma fuga.
O idoso, no entanto, nunca se convenceu de que seus cães tinham fugido. Desde o início, ele contou para a polícia que os cães estavam bem presos na coleira e quando voltou, não estavam mais lá. Ele tinha certeza de que alguém entrou no pátio e levou os animais embora.
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Entrevista sobre o caso dos cães
Em entrevista ao programa Mezamashi-8 da emissora Fuji, Rie Takahashi disse na frente das câmeras que estava preocupada com o desaparecimento dos cães, que tinha chovido naquele dia e esperava que eles estivessem em segurança.
Até então, a polícia não sabia que ela era uma das pessoas que roubou os animais do pátio do idoso.
Mesmo assim, Rie não se aguentou e denunciou os maus tratos que testemunhou, a negligência do espaço e alimentação.
“A água deles parecia da chuva, ficava em um balde coberto de terra. Quando vi os cães bebendo aquilo eu fiquei chocada com aquele ambiente. Os cocôs também estavam espalhados por tudo, não tinha limpeza e tinham muitas moscas em volta. Era difícil olhar para aquela situação”, disse.
Ela também falou que estava preocupada com as temperaturas e como seria a vida dos animais quando o chegasse o auge do verão.
“Todos os anos as temperaturas sobem muito. É ruim criar os cães do lado de fora, nós temos dificuldade de lidar com o calor, imagina eles que estão cobertos de pelos”, comentou.
O homem dizia que foi roubado, mas a voluntária insistia em falar de fuga e ainda dizia que sempre achou que os cães fossem mesmo fugir daquele lugar.
“Sendo bem sincera, eu achei mesmo que eles iriam fugir. Estavam dentro daquela cerca caseira e eu disse para a polícia e a prefeitura que aquilo era ruim. Eles podem ter subido a montanha, podem ter fugido para qualquer lugar”, declarou.
Ai Okajima, a outra japonesa envolvida no caso, disse que tentou conversar com o idoso, mas não viu sinal de melhoria. Isto pode ter sido mais um motivo que levou ao crime.
“Eu me aproximei daquele dono, conversei, perguntei sobre os cuidados com os cães, mas vi que não ia melhorar. Só restava a prefeitura constatar que ele não tinha condições de cuidar dos animais e tirar os cães dele. O ideal seria que os cães fossem transferidos para um novo lar”, comentou.
Demorou 12 dias desde o registro da ocorrência para a polícia verificar imagens das câmeras e reunir provas contra Ai, Rie e Tokuji, o voluntário cúmplice que ajudou a retirar os animais do pátio. A intenção pode ter sido boa, mas tentar resolver o problema da negligência por conta própria e cometendo um crime, não resolveu a questão e trouxe problemas judiciais aos responsáveis.