Quando falamos sobre a cultura brasileira, principalmente nós que vivemos fora do Brasil, faltam palavras para explicar.
Afinal, a impressão que se tem do Brasil é de que tudo é carnaval e futebol.
Mas, fomos pegos de surpresa pela série da gigante do streaming Netflix, Cidade Invisível. Séries nacionais não têm conseguido tanta visibilidade no exterior, porém, Cidade Invisível mostrou como.
Na semana de estréia, no início de fevereiro, a série ficou em primeiro lugar no top 10 dos Estados Unidos, um feito nunca atingido por uma série brasileira antes.
Os estrangeiros não mediram elogios, tanto à produção quanto ao folclore brasileiro.
A série
A produção se passa no Brasil atual, em uma parte do Rio de Janeiro, mais ao interior, tanto que em momento nenhum vemos as paisagens famosas, como a praia de Ipanema, por exemplo.
A história acompanha Eric Alves (Marco Pigossi), um policial ambiental que passa por uma tragédia pessoal, ao perder a esposa, uma defensora de uma comunidade afastada, em um incêndio florestal.
Cercada por mistério, a morte de sua esposa revela personagens do folclore brasileiro, com base indígena, vivendo inseridos no meio urbano, escondidos sem disfarces.
A série de 7 episódios consegue prender a atenção com uma trama inteligente, sem a necessidade de mostrar mostrar os clichês das produções brasileiras, tendo ausência total de tiros ou cenas de sexo.
As lendas
No decorrer da história vemos figuras folclóricas como o Saci, a Cuca, o Curupira, o Boto-cor-de-rosa e a Iara participando de uma forma bem natural, usando seus “poderes” apenas quando necessário.
Outras lendas como a do Tutu e do Corpo Seco, não tão comuns, aparecendo na história.
Prepare-se para acompanhar também a origem dessas lendas, com as lendas da Cuca e do Curupira sendo adaptadas para a série, já que não existem no folclore.
A Cuca
A Cuca é um dos principais seres do folclore brasileiro. Ela é conhecida popularmente como uma bruxa que rapta crianças e que pode ter a forma de uma velha ou de uma feiticeira. A origem desta lenda está na Coca (ou Coco) das lendas ibéricas, tradição que foi trazida para o Brasil possivelmente na época da colonização.
A curiosidade fica por conta dela não se parecer em nada com um jacaré. Essa alusão foi concebida por Monteiro Lobato, escritor do Sítio do Pica-Pau Amarelo e ficou na cabeça dos brasileiros.
Na série, a atriz Alessandra Negrini interpreta a personagem, com ar de bruxa, que se transforma em uma borboleta, além de usar a sua cantiga como um encantamento.
O Saci
O Saci, também conhecido como Saci-Pererê é um personagem bastante conhecido do folclore brasileiro. Tem sua origem presumida entre os indígenas da Região das Missões, no Sul do país, de onde teria se espalhado por todo o território brasileiro. A figura do Saci surge como um ser maléfico, como somente brincalhão ou como gracioso, conforme as versões comuns ao sul.
Na série, Isac vive em uma comunidade e aparece como uma espécie de mensageiro da Cuca. Ele é interpretado pelo ator Wesley Guimarães.
O Boto-cor-de-rosa
O Boto-cor-de-rosa é uma espécie real de golfinho de água-doce, já a Lenda do Boto cor-de-rosa, ou simplesmente a Lenda do Boto, é uma lenda de origem indígena. O animal inteligente que vive nas águas amazônicas, se transforma num jovem belo e elegante nas noites de lua cheia.
O personagem do ator Victor Sparapane é responsável por levar Eric (Marco Pigossi) ao encontro das lendas, da pior forma possível.
A Iara
A Iara ou Mãe-d’água é uma linda sereia que vive no rio Amazonas. Pescadores de toda parte do Brasil, de água doce ou salgada, contam histórias de jovens que cederam aos encantos da bela Iara e terminaram afogados de paixão.
Na série, a cantora Camila seduz suas vítimas no Bar da Inês, as afogando nas águas do mar.
O Curupira
Segundo a lenda, quando o Curupira percebe a presença de alguém que representa uma ameaça à natureza, ele recorre a diferentes travessuras para espantar os invasores. Com assovios agudos, uivos de lobos e barulhos de galhos de árvores chacoalhando ou pedras sendo atiradas, o Curupira assusta e afugenta as pessoas, com pés virados para trás e seus cabelos ruivos.
Na série, Iberê vive em cadeira de rodas, por uma deformação nos pés. Sua participação é fundamental para a resolução do arco. A adaptação dos cabelos como uma tocha, deixou o personagem ainda mais incrível.
A segunda temporada ainda não foi confirmada, mas lendas como o Boitatá, a Mula sem-cabeça e da Caipora, que são muito famosas, ainda não apareceram.