Londres – De acordo com o ranking do Glass Ceiling Index, publicado pela revista britânica The Economist, o Japão mostrou um dos piores desempenhos entre 29 nações avaliadas pela capacidade de proporcionar um bom ambiente para que as mulheres exerçam atividades de trabalho.
O relatório foi publicado na segunda-feira (8), data que se comemora o dia internacional da mulher. O Brasil não esteve entre as nações avaliadas para o ranking.
O Japão ficou na posição número 28, perdendo apenas para a vizinha Coréia do Sul. O título de melhor país para as mulheres trabalharem ficou com a Suécia, seguido pela Islândia, Finlândia e Noruega.
A publicação reiterou que os países nórdicos apresentaram características positivas para facilitar a atuação feminina no mercado de trabalho, como bom acesso aos cargos de chefia, flexibilidade de horários e licenças maternidade e paternidade igualitárias e prolongadas.
Em países como a Suécia, há incentivos para que homens e mulheres dividam as atividades domésticas e o trabalho, permitindo assim que ambas as funções possam ser desempenhadas pelo casal.
Com relação aos dados do Japão e da Coreia do Sul, a publicação indicou que as nações asiáticas ainda possuem uma forte cultura que obriga a mulher a escolher entre seguir uma carreira ou constituir uma família.
Os países foram avaliados também pela taxa de mulheres que ocupam posições de chefia ou gerenciamento de negócios e a presença feminina na política. Em ambos os casos, o Japão obteve pontuações baixas.
Na Suécia, a proporção de mulheres em cargos de chefia ficou acima de 40%. Na França, que ocupou a 5º posição pelo segundo ano consecutivo, o número de mulheres com cargos executivos foi o 2º melhor da lista.
Os Estados Unidos subiu quatro posições no ranking desde o ano passado, o que pode ser um reflexo de algumas multinacionais do país que passaram a ser comandadas por mulheres.
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Desenvolvimento no Japão
A emissora NHK conversou com a professora Mari Miura da Universidade Sophia em Tóquio, que é especialista em questões políticas e de gênero.
Miura explicou o que pode estar por trás do péssimo desempenho do Japão no desafio de proporcionar condições favoráveis para as mulheres trabalhadoras.
“Há poucas mulheres no ambiente que envolve tomadas de decisões dentro da sociedade japonesa e acredito que o problema maior pode ser um reflexo disto. Primeiro é preciso tomar consciência sobre esta questão e suas causas”.
O problema que pode ser estrutural precisa ser tratado pela raíz para que ocorra alguma mudança positiva.
“No caso das empresas, é preciso avaliar como compensar as desvantagens quando a mulher precisa interromper o trabalho por algum tempo ou reduzir o horário em função da maternidade. O que não pode ocorrer é este problema ser tratado como se as mulheres fossem menos capazes e ignorando a estrutura que há por trás disto”.
Miura acredita que possa ocorrer uma mudança positiva nos próximos anos.
“Nos últimos 5 ou 10 anos, mesmo que tivesse algum movimento político, a sociedade não mostrou intenções reais de caminhar para alguma mudança. No entanto, o mundo segue em crise, o governo e a indústria já perceberam que não podem continuar assim e há geração de consciência. Acredito que pode ocorrer uma mudança acelerada nos próximos 5 anos, dando início a uma nova geração”, sugeriu.
RANKING
1. Suécia
2. Islândia
3. Finlândia
4. Noruega
5. França
6. Dinamarca
7. Portugal
8. Bélgica
9. Nova Zelândia
10. Polônia
11. Canadá
12. Eslováquia
13. Itália
14. Hungria
15. Espanha
16. Austrália
17. Áustria
18. Estados Unidos
19. Israel
20. Reino Unido
21. Irlanda
22. Alemanha
23. República Checa
24. Holanda
25. Grécia
26. Suíça
27. Turquia
28. Japão
29. Coreia do Sul