Quando, alguém neste mundo de Kami-sama, poderia imaginar que é possível misturar a Yakuza, a Máfia Japonesa, com um humor para rir, mas rir alto?
Se você gosta de anime estilo Dragon Ball (de quando o Goku é pequeno), Yu Yu Hakusho ou One Punch Man, pode encontrar a mesma diversão em 極主夫道 – Gokushufudou – Tatsu Imortal, como o está o título está no catálogo da Netflix.
Primeiro, o que me chamou a atenção foi a tradução do título, pois ele deu um nó na cabeça da minha esposa, pois, ela sim fala japonês de verdade.
O título é uma mistura de 極道 (gokudou – Máfia Japonesa) e 主夫 (shufu – dono de casa). Colocando em uma tradução de Sessão da Tarde seria algo como “Um mafioso dono de casa” (agradecimentos a minha Sensei Watanabe pela ajuda).
Um anime ou um novel?
A segunda coisa que vai causar estranheza em quem assistir o anime é que Gokushufudou é mais no estilo novel, com muitas cenas estáticas, quase que retiradas diretamente do mangá.
De acordo com a diretora Chiaki Kon, a ideia de fazer o anime como uma experiência mais próxima de ler um mangá foi um desafio proposto durante uma reunião, tão desafiador que ela decidiu seguir.
Muita gente tem reclamado dessa escolha, mas, passado dois ou três episódios, você acostuma. É um anime com um tema muito pesado, consuma ele como uma comédia que é garantido que você vai gostar.
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Tatsu: o Yakuza lendário
Outro ponto é a própria história do protagonista. No Japão, zombar da Máfia é comum para alguns conteúdos e mesmo em Gokushufudou, a zueira nunca é com a Yakuza em si e sim com as situações absurdas que Tatsu passa.
Conhecido como “O Dragão Imortal”, Tatsu é uma lenda por ter invadido e vencido 10 facções rivais da Yakuza sozinho e desarmado. Depois desse feito surpreendente, ele simplesmente sumiu.
Porém, como aconteceu em John Wick, Tatsu saiu da Máfia para levar uma vida normal. Talvez, menos normal que o comum, pois ele decidiu se tornar um dono de casa em tempo integral, com mais de 10 especialidades.
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Diferente da franquia de Keanu Reeves, Tatsu não tem a menor intenção de voltar aos dias de violência, porém, ele mantém a mesma postura de quando era um líder Yakuza e temido por todos.
Ao andar pelas ruas, dentro dos supermercados, nas lojas, na academia ou em quando encontra com outros membros Yakuza rivais, Tatsu sempre é reconhecido como um mafioso. Esse comportamento é muito parecido com o que ocorre quando os japoneses encontram estrangeiros, eles nunca dizem nada, mas está na cara o que eles estão pensando.
E mesmo sem ser um anime com pretensão de competir com as produções lendárias do Japão, Tatsu certamente é dotado de uma habilidade especial: ele é capaz de tocar fundo no coração das pessoas e apagar a primeira impressão de ser um ex-Yakuza.
Os episódios
São 30 episódios ultra curtos, com 5 ou 6 que se passam em cerca de 15 minutos. A música tema é contagiante e você sabe que, se a música da abertura é boa, o anime é bom (nem sempre, mas uns 85% dos anime são assim para mim).
Com uma maratona de menos de 2 horas, se você não pular as aberturas, o anime deixa aquele gostinho de quero mais.
Na semana de estreia, Gokushufudou – Tatsu Imortal ficou com o Top 1 na Netflix Japão. Não é para menos, o webcomic e o mangá Kousuke Oono, já fazia sucesso por aqui.
Após o lançamento no dia 9 de abril, a segunda temporada já foi confirmada, comprovando o sucesso da produção.
Existe até uma versão dorama de Gokushufudou de 2019.
O anime está na plataforma de streaming da Netflix, dublado e legendado. Dessa vez, assisti as duas versões e confesso que ri nas duas, mas em japonês, você vai perceber que a voz é de Kenjirou Tsuda, o mesmo ator que interpretou o live-action acima. E vale a menção ao dublador Dláigelles Riba, que fez uma ótima adaptação para o português.