Nagoya – Duas mulheres europeias se uniram em um projeto curioso e que vem chamando atenção em Nagoya, capital da província de Aichi.
Elisabeth Llopis, uma designer da Espanha e Lena Yamaguchi, ex-gestora de consultoria da Alemanha, criaram o site “Nagoya is not boring” (veja aqui).
As europeias vivem em Nagoya e são apaixonadas pela província de Aichi. Há cinco anos, a prefeitura da cidade efetivou uma enquete sobre oito grandes cidades do Japão.
O resultado formou um ranking nada favorável para a capital de Aichi: Nagoya foi considerada a cidade mais chata, em comparação com outras capitais populosas, como Tóquio e Osaka.
Elisabeth e Lena ficaram chocadas quando souberam desta pesquisa.
“Chata? É isso mesmo?”, questionou Elisabeth, em entrevista para a emissora Fuji TV.
“Nunca passou pela minha cabeça que Nagoya é uma cidade chata”, completou Lena.
O resultado da indignação foi bastante favorável. Em abril do ano passado, as amigas criaram o site dentro de um modelo de negócio e passaram a oferecer experiências turísticas na capital de Aichi.
“Em Nagoya, podemos ir para qualquer lugar de bicicleta. É uma cidade fácil de morar”, conta Lena. Ela tem se focado em oferecer passeios voltados ao turismo gastronômico e com foco nos visitantes estrangeiros.
“Muitos estrangeiros que vem ao Japão acham que o sabor da comida japonesa é fraco. Em Nagoya há pratos muito gostosos e de sabor impactante, como o hitsumabushi – prato típico de enguia – e o misokatsu”, comentou.
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Pandemia e adaptação
O negócio foi inaugurado pouco depois do início da pandemia e as fundadoras tiveram que adaptar as ideias.
O oferecimento de pacotes turísticos em Nagoya ficou para um futuro próximo. Em vez disto, a dupla iniciou um financiamento coletivo para efetivar o projeto. Em troca das doações, foi oferecido uma experiência online com as torradas de Ogura, comuns nos cafés da cidade.
Elisabeth fez a experiência online com uma colaboradora francesa, que também vive em Nagoya, mas nunca provou as torradas Ogura.
A reportagem da emissora Fuji mostrou como foi a conversa por vídeo. A espanhola reuniu os ingredientes e explicou como preparar a torrada no estilo. Do outro lado da tela, a francesa preparou sozinha e experimentou a torrada local. Ela ficou animada com o sabor.
“Gosto de ensinar como fazer, assim acredito que posso aproximar os estrangeiros da cultura gastronômica da cidade”, explicou Elisabeth.
Depois de ensinar sobre as torradas Ogura para a colaboradora francesa, Elisabeth deu recomendações de locais para visitar na cidade e explicou sobre o transporte público.
Diversão e conhecimento em Nagoya
A proposta do site “Nagoya is not boring” é garantir que os visitantes se divirtam enquanto conhecem os encantos da cidade e possam descubrir sobre a cultura e culinária local.
Elas estão se preparando para que os negócios voltem a fluir logo após a pandemia. Por enquanto, estão oferecendo consultoria para estabelecimentos japoneses sobre como atrair turistas estrangeiros.
Elisabeth e Lena visitaram uma loja no distrito comercial de Endoji, localizado na região Nishi de Nagoya. O estabelecimento aluga quimonos e oferece passeios de riquixá (tuk-tuks).
O dono da loja está nos preparativos para o retorno dos turistas estrangeiros. Por enquanto, quer saber quais são os interesses dos visitantes internacionais e que tipo de explicações eles querem durante os passeios.
Elisabeth sugeriu uma experiência mais completa ao cliente.
“O estrangeiro geralmente tem curiosidade. Ao passar pelo Tanekyu Shounen, onde o doce é preparado pelo cliente, é bom mostrar uma foto ou entrar com o turista para ajudar a comprar”, sugeriu.
Ao passar por um templo, algumas explicações são interessantes, segundo Lena.
“É bom explicar a diferença de um templo budista e um xintoísta. Quando há os portões Torii e estátuas de animais protegendo, é xintoísta. Quando há estátuas de pessoas, geralmente é budista”, orientou.