Tóquio – Um casamento internacional tem seus próprios desafios, como as diferenças de cultura. Por um lado, é uma oportunidade de conhecer a fundo outra cultura, mas por outro, também pode ser desastroso e até mesmo acabar em divórcio.
Esta é a história da japonesa Maika Tamoto, uma instrutora de dança de 30 anos. Depois dos 25 anos, ela foi aos Estados Unidos para um intercâmbio e acabou ficando no país. Na região onde morava, conheceu “A”, um americano que gostava da cultura japonesa e eles se casaram.
Tudo ia muito bem e o casal marcou uma viagem ao Japão. A família de Maika já havia visto “A” em vídeo-chamadas, mas não se conheciam pessoalmente. Era a primeira vez que o marido iria conhecer o país da esposa.
Maika contou ao portal Joshi SPA! como uma viagem ao Japão de férias e cheia de expectativas acabou em frustração e divórcio. Veja os detalhes desta história:
Primeira viagem ao Japão
A família de Maika estava cheia de expectativas para conhecer o marido da filha. Ninguém falava inglês, mas eles se esforçaram para aprender algumas palavras. Depois de uma viagem cansativa, o casal finalmente chegou na cidade de Maika, mas ela não conseguiu descansar.
Os dois foram muito bem recebidos pelos pais e como “A” também não falava nada de japonês, iniciou-se uma comunicação simples em inglês, mas que não se desenvolvia em um diálogo. Maika acabou com a função de traduzir tudo entre o marido e os pais.
“Ele sempre foi do tipo grudento, mas depois de chegar ao Japão, ficou ainda pior. Ele não saia de perto de mim nunca. Talvez por não conseguir falar o idioma, ficou inseguro. Eu tinha que traduzir absolutamente tudo e não conseguia curtir a minha família em paz”, contou.
A dificuldade de se comunicar foi, aos poucos, afetando o humor do americano. A viagem que era para ser de novidade, diversão e lazer, se tornou cada dia mais desagradável.
Leia também: O alerta do japonês que viu o vidro da sacada rachar ao deixar o ar-condicionado em 18 graus em um dia de calor extremo.
O marido se tornou um bebê
Sem se adaptar ao novo ambiente, “A” começou a ter saudades de casa em três dias. Ele tentou sair sozinho, mas não conseguia encontrar pessoas que entendessem inglês. Isto o deixou ainda mais inseguro e Maika diz que de repente o marido se tornou um “bebê”.
“Eu estava encontrando a minha família depois de um bom tempo. É claro que tinha momentos que eu me empolgava com eles, falando japonês. Mas quando acontecia, A. reclamava que só ele não podia rir e participar da conversa, que se sentia alienado.
E o problema ia além das palavras. A comida japonesa também não estava agradando o americano. Os pais de Maika compraram sushi de alta qualidade e pratos típicos da região para agradar o genro, mas ele foi abandonando os palitinhos sem ter comido direito.
“Ele suspirava durante as refeições, não queria comer e fazia desfeita. Logo começou a reclamar do café da manhã que a minha mãe preparava todas as manhãs. Ele disse que não aguentava mais comer arroz e o clima em casa foi ficando pesado”, relembrou Maika.
Ela já estava estressada e frustrada quando foram juntos ao mercado, já que o marido se recusava a ir sozinho. “Até para comprar pão ele dizia que não podia ir sozinho por não falar japonês. Nós fomos juntos e ele passou a comer o sanduíche no café da manhã, enquanto a gente comia a comida da minha mãe”.
Depois de alguns dias observando a situação e a frustração da filha, a mãe de Maika perdeu a paciência.
“A minha mãe explodiu com ele. Ela disse que ele tinha que se esforçar mais para conseguir se comunicar, que eu era japonesa e conseguia ir sozinha no mercado nos Estados Unidos. Eu acabei concordando com ela”, disse.
Mas “A” não deu ouvidos ao que a sogra dizia, pelo contrário. Passou a se isolar no quarto até o momento de voltar ao país de origem.
As férias que acabaram em divórcio
A viagem ao Japão fez Maika pensar que nunca mais levaria o marido ao Japão de novo. Mas não foi só isto, a experiência causou uma rachadura na relação dos dois como casal e ela acabou pedindo o divórcio.
“Eu vi como ele se comportou em um país que era diferente para ele, sem se esforçar com nada. E isto me fez sentir que não queria continuar casada. Mesmo se você não souber o idioma local, é fácil fazer compras e dá para se comunicar por gestos e até mesmo fazer amigos”, desabafou.
O tempo no Japão não revelou apenas os defeitos do marido, mas fez a japonesa sentir que seus valores eram diferentes. Enquanto ela se esforçou para se adaptar nos Estados Unidos, “A” não queria fazer nada sozinho ou se abrir para as novas experiências no país de origem da esposa.