Tóquio – As populares lavanderias que funcionam com moedas de ¥100 (coin laundry) estão deixando de serem seguras para as mulheres que precisam deste serviço. Segundo uma reportagem do portal Tokyo Sports, cada vez mais, ocorrências de furtos de roupas íntimas estão sendo registradas nesses estabelecimentos.
Muitas lavanderias funcionam sem a presença de funcionário. As pessoas entram, escolhem a máquina e iniciam o processo de lavar ou secar. Depois, é comum que o cliente saia do local e volte mais tarde, na hora de buscar as roupas ou com algum atraso.
Um especialista em investigação deste tipo de delito disse para o Tokyo Sports que o aumento no número de ocorrências tem chamado atenção.
“Nos últimos tempos, temos visto muitos casos de furtos de roupa íntima em máquinas de lavar, as vezes o criminoso invade a casa da pessoa para pegar uma peça. Mas pela facilidade do ato, as lavanderias públicas têm se tornado alvos comuns”, explicou.
No último dia 7, um homem na faixa de 60 anos foi preso na província de Saga, no sul do Japão, por tentar furtar roupas íntimas em uma lavanderia. Houve outro caso no fim de março, desta vez em Kanagawa. Um homem na faixa de 40 anos foi preso por furtar as calcinhas de uma mulher na lavanderia de um hotel.
“Até uma conhecida minha pegou o ladrão no flagra, mexendo na máquina que ela tinha usado na lavanderia e gritou. Outro dia, ela teve um conjunto de lingerie furtado e não foi na polícia. É muito comum os casos em que a vítima não denuncia o crime”, apontou.
Uma das causas do aumento de furtos nesses estabelecimentos e é a popularização das lavanderias, que estão cada vez mais comum. Um cliente frequente de uma lavanderia deu a seguinte declaração:
“Nos últimos anos, o número de lavanderias tem aumentado. Antigamente tinha uma imagem de que eram locais úmidos e sombrios, mas as lavanderias de hoje são espaçosas e bem iluminadas. Há máquinas que podem lavar e sacar futon (colchões) e cobertores e é muito prático”, comentou.
Mas por outro lado, as lavanderias estão cada vez mais atrativas aos ladrões. O furto de roupa íntima tem tendência a se tornar uma espécie de mania e obsessão. Há casos em que a polícia investiga a residência do suspeito e encontra dezenas, centenas ou milhares de peças furtadas.
Uma das formas de prevenir esse crime é fazer estabelecimentos só para mulheres, assim como acontece com os trens com vagões femininos que visam criar um ambiente livre de abusos para as passageiras.
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A história de um dono de lavanderia no Japão
Kaoru, que tem idade na faixa de 50 anos e é dono de uma lavanderia no Japão. Ele publicou um artigo no portal Fifties Land, focado em carreira após os 50 anos, para contar sobre a experiência com os ladrões de calcinhas.
O empresário japonês disse que antes de abrir a lavanderia o assunto “ladrão de calcinha” era irrelevante para ele, algo que não fazia parte de sua realidade. Mas depois de abrir o estabelecimento, esses criminosos se transformaram em um grande problema.
“Antes de completar um ano da lavanderia aconteceram dois casos de flagrantes. Nós temos um funcionário pela manhã e outro pela tarde, que cobrem um total de 5 horas diárias, mas é claro que os incidentes aconteceram quando não tinha ninguém”, disse.
Ao acompanhar os casos, Kaoru percebeu que a maioria das vítimas não denuncia, mas fica com uma imagem ruim da lavanderia e deixa de ser cliente.
“Há duas situações, as vítimas que não percebem que a peça desapareceu e as que percebem, mas não denunciam. Quando o ladrão furta a roupa na casa da vítima, acontece a invasão e a tendência é denunciar. Mas quando é em uma lavanderia, muitas não levam o caso adiante, mas deixam de frequentar o estabelecimento”, explica.
Nos dois casos, o ladrão acaba favorecido, já que o crime não é registrado. E para a gestão da lavanderia é péssimo, já que a cliente não volta a aparecer.
Kaoru instrui principalmente as clientes para prevenir a ação dos criminosos durante a lavagem.
“O problema é que muitas pessoas deixam as roupas lá e vão para outro lugar, por isso acontecem os furtos. Se ficar no local até finalizar a secagem ou pouco antes do horário, não vai acontecer”, sugere.
Para isto, muitas lavanderias têm investido em ambientes mais adequado para que o cliente fique esperando no local, com mesas e cadeiras no espaço.