Tóquio – Kim Jong-un, o ditador da Coreia do Norte, parece ter ido longe demais desta vez. Na manhã desta terça-feira, disparou um míssil balístico de alcance intermediário, que sobrevoou a província de Aomori no norte do país e caiu no Oceano Pacífico.
Não é o primeiro projétil lançado nos últimos dias. De acordo com uma reportagem da emissora Fuji, o país vizinho que se sente ameaçado na Ásia e principalmente pelos Estados Unidos, vem comandando uma série de testes de mísseis e o episódio desta manhã é o quinto desde o dia 25 de setembro.
O tom do governo japonês é de crítica ao líder norte-coreano, além de preocupação com o próprio território e a população. Fontes do governo especularam sobre os prováveis motivos da Coreia do Norte de realizar novos testes agora e que mensagem Kim Jong-Un estaria passando para as nações que considera inimigas.
Uma hipótese seria a tentativa de mostrar aos Estados Unidos, Japão e aliados que o país melhorou sua tecnologia de mísseis e aparatos de guerra, uma indicação de que o poder militar norte-coreano está ganhando força.
“A potência do míssil e o trajeto percorrido mostram que é capaz de atingir a ilha de Guam, território norte-americano que tem uma base militar. Provavelmente este teste foi pensando nos Estados Unidos”, comentou uma fonte não identificada.
A frequência incomum de mísseis nos últimos dias também pode estar relacionada com dois eventos recentes, de acordo com as fontes do governo japonês. O primeiro é referente aos exercícios militares conjuntos entre Estados Unidos e Coreia do Sul, que foram retomados no fim de agosto e são considerados uma afronta na perspectiva da Coreia do Norte.
“A visita do almirante da Marinha dos Estados Unidos ao Japão, John Christopher Aquilino, que é responsável pelo Comando Indo-Pacífico dos EUA, também deve ter motivado o comportamento hostil da Coreia do Norte”, sugeriu.
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Míssil, alerta e transtornos
O míssil desta terça-feira fez soar o alarme de emergência, chamado de “alerta J”, em várias localidades ao norte do Japão. Moradores foram orientados a se abrigar em prédios próximos, trens pararam temporariamente e uma cena de confusão e medo se desenhou até que o alarme fosse retirado.
É a primeira vez desde 2017 que este alarme é soado no Japão. Houve muitas queixas com relação ao alarme, problemas de timing e localidade, incômodos em regiões fora de risco. O míssil foi disparado às 7h29. O alarme soou em Tóquio e Hokkaido às 7h27 e depois em Aomori e mais uma vez em Tóquio às 7h29. O míssil sobrevoou a província de Aomori e caiu no Pacífico 44 minutos após o lançamento.
De acordo com a emissora Asahi, autoridades do governo japonês se mostraram preocupadas com a distribuição imprecisa e inadequada do alarme.
“Se o alarme for falho e tocar sem necessidade, pedir para se refugiar depois que o míssil já caiu e outros problemas, a população vai parar de levar a sério. Vai chegar o momento em que ninguém vai reagir quando ouvir o som, isto precisa ser evitado”, comentou Shigeru Ishiba, membro da Câmara dos Representantes do Japão.