Tóquio – Nesta quinta-feira (5), o Japão celebra o dia das crianças, mas anualmente, as estatísticas mostram que não há muito a se comemorar. A população infantil do Japão encolhe a cada ano e esse cenário contínuo deve trazer prejuízos cada vez maiores para a sociedade do futuro.
Como sempre, os registros mostraram que o número de crianças no ano atual é menor do que no último, uma tendência que vem se concretizando há mais de 40 anos. De acordo com os dados do Ministério dos Negócios Internos e Comunicações, há 14,65 milhões de jovens e crianças com menos de 15 anos no país.
Este número representa uma queda de 250 mil crianças com relação ao dado do ano passado. E não é só isso: pela primeira vez desde 1999, todas as 47 províncias japonesas registraram queda com relação ao dado do ano anterior.
Outra triste realidade é a proporção de crianças na população geral. Neste ano, a queda foi de 0,1 pontos e ficou 11,7%. Nos últimos 48 anos, a proporção de crianças na população japonesa caiu consecutivamente. Enquanto isso, a população acima de 65 anos é de 27,3%.
Segundo uma reportagem do Jornal Asahi, o Japão é também o país com a menor proporção infantil na população geral entre as nações com mais de 40 milhões de habitantes. Em segundo lugar está a Coreia do Sul, cuja população infantil é 11,9% da população geral. A Itália, que também sofre com um menor número de crianças, tem uma proporção de 12,9% e na Alemanha a média é de 13,8%.
Leia também: Uso prolongado de máscara pode afetar psicológico dos japoneses: “é como uma roupa íntima, você não quer ser visto sem”.
Dados da população infantil do Japão
O governo japonês divulgou que há 7,51 milhões de meninos e 7,15 milhões de meninas com menos de 15 anos. A população feminina costuma ser maior, mas não neste caso. Há 360 mil meninos a mais.
Os dados mais detalhados da população infantil do Japão mostram que há 3,23 milhões de crianças entre 12 e 14 anos e 2,51 milhões entre 0 e 2 anos. Quanto menor a faixa etária, menor é o número total e a proporção na população geral.
A província com mais crianças é Okinawa, que tem uma proporção de 16,5% de sua população local. Em Shiga, este índice é de 13,4% e em Saga, 13,3%. As províncias com menos crianças são: Akita (9,5%), Aomori (10,4%) e Hokkaido (10,5%).
O governo japonês carrega esta questão há muito tempo e ainda não conseguiu tomar medidas eficientes que resultassem no aumento da população infantil. Os parâmetros sociais que ainda fazem a mulher escolher entre ter filhos e carreira, questões econômicas e domésticas são apontadas como algumas das razões para que muitos casais prefiram não ter filhos.
O encolhimento da população infantil do Japão e o crescimento da população idosa acabam por impactar o sistema. Futuramente, é possível que o problema da falta de mão de obra se torne ainda mais grave e a população em idade produtiva não consiga manter a aposentadoria dos idosos. Por isso, a entrada de trabalhadores estrangeiros no país tem sido cada vez mais necessária.