Tóquio – Os verões estão cada vez mais quentes no mundo todo e a estimativa é de que piorem a cada ano por influência do aquecimento global.
Segundo uma reportagem do portal News Post Seven, especialistas estimam que de 5 a 10 anos, algumas localidades do Japão podem enfrentar verões com a temperatura acima de 50 graus.
Na situação atual, com os termômetros beirando os 40°C, centenas de pessoas estão sendo levadas para as emergências hospitalares com sintomas de hipertermia, condição que provoca o aquecimento do corpo e pode causar a morte. Os idosos são especialmente frágeis, mas a hipertermia também mata jovens e crianças.
Quando o verão se tornar ainda mais rigoroso, afetuar mudanças no cotidiano, nas atividades diárias e nas escolas poderá ser fundamental para proteger a vida. Na reportagem, o jornalista ambiental Shuichi Tominaga estimou o que deve mudar neste futuro não tão distante.
Ele acredita que as regiões que sofrerem com temperaturas mais altas acabarão com uma condição de vida semelhante a cidade de Coober Pedy, no sul da Austrália. Nesta localidade, os verões já chegam aos 50°C e para sobreviver, a população de 3 mil habitantes se adaptou em moradias subterrâneas.
Coober Pedy é uma grande produtora da pedra preciosa opala e a cidade é repleta de minas. Muitas minas se transformaram em construções subterrâneas e boa parte da vida acontece debaixo da terra.
“Quartos subterrâneos irão se tornar o refúgio para o calor”, estima o jornalista. “No subsolo a temperatura pode ficar estabilizada em torno de 15°C, o verão se torna fresco e o inverno mais aquecido. Além disso, é uma boa forma de se proteger contra desastres como fortes chuvas, inundações e vendavais”, explica.
Conforme os verões vão se tornando cada vez mais insuportáveis, a procura por casas com quartos subterrâneos pode aumentar. É possível que chegue um dia em que todas as casas disponíveis no mercado imobiliário tenham estruturas embaixo da terra.
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Calor de 50 graus: perigos e mudanças
O aumento da temperatura também pode gerar um problema aos automóveis e para a mobilidade urbana. Mesmo com as temperaturas de agora já há casos de transtornos nas estradas e o jornalista Tominaga compartilhou uma experiência recente.
“Em um dia muito quente no fim de junho, eu estava no carro em Aichi quando soou um alarme. Parei no sinal e o carro não ligou mais. O problema era a bomba d’água que atua na refrigeração do veículo. Meu carro sofreu um superaquecimento e o calor também traz prejuízos para a bateria”, contou.
Outra questão é o cronograma das escolas, que deve sofrer mudanças. O organismo das crianças é imaturo com relação à capacidade de regular a temperatura corporal. As atividades físicas podem acabar suspensas nos mês mais quentes e até o ato de brincar ao livre poderá se tornar perigoso.
No verão de 2020, as escolas primárias na cidade de Tajimi, em Gifu, tiveram que tomar precauções por causa do calor extremo daquele ano. Uma das medidas foi atrasar em uma hora o horário de saída das crianças, para que não fossem para a rua em um horário muito quente.
O especialista em educação, Chikara Oyano, acredita que as mudanças nos horários serão inevitáveis.
“A tendência é a temperatura subir ainda de manhã, então não será apenas o horário da saída que precisará de alteração, mas também o da entrada. Outra questão é o transporte, vai chegar um momento em que as crianças não poderão caminhar até a escola”, sugere.
Em um verão de temperaturas extremas a ponto de oferecer perigos ainda maiores para a vida, a rotina de crianças e adultos deve mudar consideravelmente.