Tóquio – A longevidade é um assunto que sempre gera interesse. Enquanto algumas pessoas morrem cedo, vítimas de doenças cruéis ou fatalidades, outras esbanjam uma vida longa, com saúde mental e até mesmo física.
Há os que passam dos 90 anos morando sozinhos, os que chegam aos 100 com certa independência e os super centenários, com mais de 110 anos e que mostram alegria de viver. Eles dão risada, comem as coisas que gostam, mantém rotinas leves, fazem atividades recreativas e para quem é novato na jornada da vida, fica a pergunta: como conseguem?
O professor e diretor do Centro de Pesquisa em Longevidade, do Departamento de Medicina da Universidade de Keio, Yasumichi Arai, pode ter encontrado algumas respostas. Em suas pesquisas, ele investigou a vida de japoneses com mais de 100 anos de idade e encontrou pontos em comum entre a alimentação, hábitos e personalidade.
Os resultados desta pesquisa foram tema de uma reportagem do portal japonês News Post Seven. Um dos assuntos mais curiosos é a alimentação, mas o professor Arai lamenta não ser possível levar esta investigação com a profundidade que gostaria:
“É bastante complicado pesquisar a alimentação de pessoas centenárias. É difícil que elas se lembrem que comiam em épocas diferentes de suas vidas para fazer um registro, mas nós investigamos um grupo e 34 centenários com a ajuda de um nutricionista e descobrimos alguns pontos interessantes”, comentou.
As pesquisas de Arai mostram que esses idosos consomem cerca de 30 Kcal para cada 1 kg de seus pesos e 1,2 g de proteína. Entre as preferências, muitas pessoas disseram que consumiam pouca carne entre 40 e 60 anos de idade por não gostarem, mas que hoje em dia costumam comer carne.
“Ao completar 100 anos de idade, há problemas para mastigar e com a deglutição, o ato de engolir os alimentos. Por isso, muitos preferem comer peixe que é mais fácil e os vegetais cozidos ao invés de crus, mas eles consomem muito carboidrato, proteínas e vitaminas, cuidam bem da alimentação”, explicou Arai.
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A personalidade de um centenário
Foto de Tiago Muraro na Unsplash (imagem ilustrativa).
Viver mais de 100 anos e com bem-estar pode estar relacionado também com a personalidade. As pesquisas do professor Arai dividiram a personalidade desses idosos em cinco categorias que foram analisadas: abertura, sinceridade, extroversão, harmonia e tendências a sofrer com ansiedade.
No caso dos centenários, foi possível perceber alguns pontos em comum em termos de personalidade: muitos deles são mais abertos, dispostos, sinceros e extrovertidos. Há um senso de responsabilidade e diligência. E quando começam algo, levam com seriedade.
“Houve o caso de uma mulher que aos 70 anos, ouviu no rádio que maçã fazia bem para a saúde. Ela seguiu comendo maçãs depois disso até falecer aos 100 anos”, contou o professor.
Entre os idosos que colaboraram com as pesquisas, foi possível perceber diversos elementos em suas personalidades.
“Os centenários costumam ser sociáveis, ativos, gostam de coisas extravagantes, coloridas e vivas. Há muitos que fazem o tipo criativo, curioso, com opiniões fortes, metódicos e teimosos”.
Há fatores de saúde, genética e personalidade, mas com relação aos super centenários, aqueles que passaram de 110 anos de idade, o professor observou um elemento que pode ser uma das chaves de uma vida longa: a adaptabilidade.
“As pessoas que são muito ativas e saudáveis na juventude, não necessariamente viverão 100 anos ou mais. A vida é cheia de desafios, doenças, incidentes, perdas. Entre aqueles que vivem mais tempo, é possível observar uma certa força de adaptabilidade, eles conseguem superar, se reinventar e seguir em frente depois de cada adversidade”, explicou.