Inovação poderá revolucionar transfusões e resolver escassez de doadores universais
Em um marco significativo para a medicina, pesquisadores japoneses liderados pelo professor Hiromi Sakai, da Universidade Médica de Nara, anunciaram o desenvolvimento de um sangue artificial compatível com todos os tipos sanguíneos. A novidade representa uma promessa concreta para combater a escassez de sangue, especialmente do tipo O-negativo — conhecido como o doador universal.
A solução sintética é obtida a partir da hemoglobina extraída de bolsas de sangue vencidas, que é posteriormente encapsulada em células vermelhas artificiais. Essas células são livres de vírus e não possuem tipo sanguíneo, eliminando a necessidade de testes de compatibilidade entre doadores e receptores.
Além disso, o sangue artificial pode ser armazenado por até dois anos à temperatura ambiente — uma vantagem logística expressiva para hospitais, regiões remotas e situações de emergência.
Desde 2022, pequenos estudos clínicos vêm sendo conduzidos com voluntários saudáveis. Os testes indicaram apenas efeitos colaterais leves e nenhuma alteração significativa nos sinais vitais. Com esses resultados promissores, os pesquisadores avançaram para uma nova fase em março deste ano, administrando entre 100 e 400 mililitros da solução a novos voluntários.
A expectativa da equipe é disponibilizar o sangue artificial para uso prático até 2030, desde que a segurança do produto seja comprovada em estudos mais amplos.
Paralelamente, o professor Teruyuki Komatsu, da Universidade Chuo, também está trabalhando em tecnologias complementares. Sua equipe desenvolve portadores artificiais de oxigênio, voltados para estabilizar a pressão arterial e tratar casos como hemorragias e derrames. Testes em animais já demonstraram bons resultados, e há grande otimismo quanto ao início de ensaios em humanos.
Esses avanços reforçam o potencial revolucionário da ciência japonesa na área da hematologia e indicam um futuro promissor para tratamentos médicos mais acessíveis, seguros e eficazes.