O Exército do Japão anunciou nesta terça-feira (24) a realização de seu primeiro teste de míssil em território nacional, marcando um novo passo na intensificação do reforço militar do país diante da crescente presença naval da China na região.
O teste foi conduzido com um míssil tipo 88, de curto alcance e superfície-navio, no Campo de Tiro Antiaéreo de Shizunai, localizado na ilha de Hokkaido, ao norte do arquipélago japonês. A operação envolveu cerca de 300 soldados da 1ª Brigada de Artilharia das Forças Terrestres de Autodefesa (GSDF), que utilizaram um míssil de treinamento contra um alvo não tripulado a aproximadamente 40 quilômetros da costa sul da ilha.
Segundo autoridades, os resultados do disparo ainda estão sendo avaliados. Até então, devido à limitação de áreas seguras para esse tipo de atividade, o Japão realizava testes semelhantes em territórios aliados como os Estados Unidos e a Austrália, onde há campos de treinamento mais amplos.
A iniciativa simboliza um movimento estratégico de Tóquio em busca de maior autonomia militar e capacidade de retaliação, dentro de um contexto regional de crescente tensão. O Japão tem expressado preocupação com as operações conjuntas entre as forças armadas da China e da Rússia em áreas próximas à sua costa, além das disputas territoriais ainda não resolvidas com Moscou.
Desde 2022, o país vem promovendo mudanças significativas em sua política de defesa. Com base em uma nova estratégia de segurança de cinco anos, o Japão passou a considerar a China como seu maior desafio estratégico e reforçou sua aliança com os Estados Unidos. Essa mudança marca uma ruptura importante com a postura pacifista adotada desde o pós-guerra, que limitava o uso das forças armadas estritamente à autodefesa.
Como parte de sua modernização militar, o Japão está em processo de aquisição de mísseis de cruzeiro de longo alcance, como os Tomahawk norte-americanos, cuja implantação está prevista para o final deste ano. Paralelamente, o país desenvolve internamente o míssil tipo 12, com alcance estimado de 1.000 quilômetros — dez vezes maior do que o tipo 88, fabricado pela Mitsubishi Heavy Industries e com alcance de cerca de 100 quilômetros.
O governo japonês também planeja a construção de um novo campo de testes de mísseis na ilha desabitada de Minamitorishima, no extremo leste do território nacional. A região ganhou atenção especial neste mês, após a presença simultânea de dois porta-aviões chineses ser registrada pela primeira vez nas proximidades.
Com esses movimentos, o Japão sinaliza ao mundo sua disposição de investir em dissuasão e preparação militar, em meio a um cenário asiático cada vez mais complexo e instável.