O governo do Japão reafirmou nesta segunda-feira (29) que a economia do país segue em trajetória de recuperação moderada, mas destacou que o aumento das tarifas impostas pelos Estados Unidos está pressionando negativamente o setor automobilístico.
No relatório econômico mensal de setembro, o Escritório do Gabinete revisou positivamente sua avaliação sobre o consumo privado pela primeira vez em 13 meses. A melhora foi atribuída ao crescimento da renda das famílias e à estabilização dos preços de vegetais frescos, fatores que impulsionaram a confiança dos consumidores.
Outro ponto de destaque foi a revisão, após 18 meses, da análise sobre os investimentos de capital, que agora são descritos como “em ritmo de alta moderada”. O documento aponta que empresas estão expandindo aportes não apenas em maquinário, mas também em desenvolvimento de software, sinalizando esforços para modernização e inovação.
Apesar da revisão pontual em setores específicos, a avaliação geral da economia permaneceu inalterada. O relatório, no entanto, chamou atenção para os efeitos das políticas comerciais norte-americanas, especialmente após a imposição de tarifas elevadas em abril pelo então presidente Donald Trump. O impacto tem sido mais evidente na indústria automotiva.
Dados recentes reforçam essa preocupação: os lucros das fabricantes japonesas de equipamentos caíram 11,5% no segundo trimestre em comparação com o ano anterior, puxados por uma queda de 29,7% no setor de transporte, que engloba a produção de automóveis.
Em julho, Japão e Estados Unidos chegaram a um acordo que reduziu a tarifa de veículos de 27,5% para 15%, em vigor desde setembro. Segundo o governo japonês, a medida contribuiu para recuperar parcialmente a confiança de empresas e consumidores.
O relatório conclui que o consumo privado, responsável por mais da metade do Produto Interno Bruto (PIB) do Japão, “apresenta sinais de recuperação”. Em agosto, o governo ainda classificava a melhora no sentimento do consumidor como lenta, mas a nova avaliação indica que esse componente-chave da economia começa a ganhar fôlego.