Tóquio – O programa de visto de habilidades específicas (tokutei gino) completou dois anos no mês passado, mas os resultados seguem muito abaixo das expectativas do governo japonês.
O programa entrou em vigor em abril de 2019, com o objetivo de abranger 14 áreas profissionais e atrair mão de obra estrangeira para suprir as necessidades da economia do país.
Uma reportagem da emissora estatal NHK informou que o governo tinha como meta receber até 47 mil estrangeiros para trabalhar em setores como cuidado de idosos, áreas indústriais e agricultura.
Dois anos depois, o total de trabalhadores com este visto ficou em 22.567. Os dados atuais mostram que não foi possível alcançar nem a metade da meta proposta.
A pandemia do novo coronavírus é uma das principais razões para os números baixos, embora o programa tenha sido lançado um ano antes das restrições de viagem. Os dados mostram que a maior adesão ocorreu entre os estrangeiros que já estavam residindo no Japão com outros tipos de vistos.
Do total, 17.299 trabalhadores trocaram o visto de estágio técnico (Ginou Jisshu) ou o visto de intercâmbio (Ryugaku) para o visto de habilidades específicas. Apenas 5.268 estrangeiros passaram pelo processo e a prova no exterior e já entraram no Japão com o novo visto.
As nacionalidades que mais aderiram são de países asiáticos. São 14.147 vietnamitas atuando no Japão com este visto, 2.050 chineses e 1.921 indonésios.
“O programa de vistos foi muito afetado pela disseminação do novo coronavírus e a dificuldade de receber profissionais que estão no exterior. A adesão segue elevada entre os residentes com outros vistos. Vemos que o programa está se consolidando mesmo assim”, disse um representante da Agência de Serviços de Imigração para a NHK.
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Programa de vistos “tokutei gino”
Anunciado em novembro de 2018, os vistos de habilidades específicas entraram em vigor em abril de 2019 com uma expectativa de atrair 500 mil trabalhadores estrangeiros ao Japão até o ano de 2025.
O governo japonês investiu nesta nova categoria de vistos com o propósito de amenizar os impactos da falta de mão de obra e da baixa taxa de natalidade, que vem prejudicando a economia do país ano a ano.
Dividido em duas categorias, “1” e “2”, o processo passa pela avaliação das habilidades na área de interesse e exige um nível de proficiência básica no idioma japonês. A categoria “2” requer uma especialização a mais e possui alguns benefícios ao trabalhador, como a possibilidade de trazer a família para morar no Japão.
São 14 áreas de trabalho que permitem atuação com este visto, entre elas manutenção de automóveis, fabricação de alimentos, cuidado com idosos, agricultura, atividade pesqueira, limpeza de edifícios, serviços de restaurantes, construção, aviação e hotelaria.
Há também algumas áreas industriais, como produção de materiais, maquinários e equipamentos eletrônicos.
A criação deste visto proporcionou mais oportunidades aos estrangeiros que atuam no Japão na condição de estagiários técnicos. Estes trabalhadores podiam ficar no máximo 5 anos no Japão, mas ao trocar a permissão de residência para o “tokutei gino”, se tornou possível atuar no país por 10 anos.