Tóquio – Jovem, bonito, bem-vestido e com um histórico na indústria do entretenimento. Foi com essa apresentação que Ayumu Kuroda, de 22 anos, conseguiu enganar mais de 20 garotas e arrecadou mais de ¥50 milhões com um golpe de celebridade no Japão.
Kuroda foi um membro da banda Junon Superboy Anothers, mas já não estava mais ativo nos palcos. Através de rede sociais, como o Twitter, ele encontrava suas vítimas, mulheres jovens na faixa de 20 anos e tentava vender sua promessa: um encontro da jovem com o ídolo dela.
Ele dizia que poderia fazer a ponte entre a garota e membros da agência de talento Johnny & Associates, reponsáveis por muitas boy bands populares, como Arashi, KAT-TUN, Kanjani8 e Hey! Say! Jump.
Segundo uma reportagem da emissora Fuji, o jovem golpista inventava taxas, valores de garantia e prometia reembolsos. Kuroda já havia sido preso outras duas vezes por receber ¥1,7 milhão de uma estudante universitária e mais ¥800 mil de outra garota.
Em todos os casos nos quais a polícia tem conhecimento, a promessa foi a mesma: de conectar a jovem a com o ídolo da Johnny & Associates no qual ela fosse fã. As vítimas acreditavam e quando não tinham dinheiro, eram instruídas sobre como obter empréstimos e se endividavam.
Depois que a negociação era feita, a jovem ficava a espera de um encontro que nunca se concretizava. Ao tentar desistir do negócio, Kuroda acabava desaparecendo.
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Promessa de encontrar um ídolo
Em entrevista para o programa Mezamashi-8 da emissora Fuji, duas jovens que foram enganadas por Kuroda contaram sobre as conversas que tiveram com ele durante o período de negociação.
“No Twitter ele dizia que poderia conectar qualquer pessoa com celebridades da Johnny ou outra agência. Eu curti uma publicação e começamos a conversar. Depois de um tempo, fomos para o aplicativo de mensagens LINE. Ele pediu o nome de quem eu queria encontrar, disse que faria uma ligação”, explicou a vítima “A”.
A vítima “B” disse que houve uma verificação de identidade antes de começar a falar sobre um possível encontro com um ídolo.
“Eu mostrei um documento de identidade e depois começamos a falar sobre a possibilidade de encontrar um ídolo meu. Em um momento ele pediu para eu não gravar nada, disse que se a conversa vazasse causaria muitos problemas, então não era para tocar no celular enquanto a gente conversava”, contou.
De acordo com a vítima “A”, a primeira cobrança foi de ¥300 mil para encontrar o artista, mas não parou por aí.
“Houve uma longa conversa sobre garantia. Pensando agora que tudo acabou, acho que esse era o objetivo dele”, disse.
A vítima “B” também ouviu a conversa de que teria que pagar uma taxa de garantia, que poderia ser devolvida se tudo ocorresse bem.
“Ele disse que precisava do dinheiro de garantia para o caso de o encontro com o artista acabar sendo fotografado para alguma revista de fofoca e provocasse um escândalo. Mas ele também disse que até o momento nunca tinha acontecido e se tudo ocorresse bem, podia devolver o dinheiro”, explicou.
Ela conta que esse dinheiro de garantia era ¥2 milhões. “Eu fiquei muito surpresa com o valor, mas pensei que era difícil de acontecer e estaria segura se não comentasse com ninguém. Só que eu não tinha o dinheiro em mãos e disse para ele”, contou.
Kuroda sugeriu que a garota fizesse um empréstimo sob o pretexto de que precisava do dinheiro para um aborto. A jovem convseguiu 1,8 milhão com uma instituição de crédito e entregou ao golpista.
Depois de pagar o dinheiro, o desfecho era o mesmo para todas as garotas.
“Eu paguei e nada aconteceu, então disse que queria cancelar e ele pareceu muito surpreso. Depois disso não recebi mais respostas. Eu queria que ele devolvesse o dinheiro rápido, mas ele não devolveu e eu não pude fazer nada”, disse a vítima A.
Dos palcos para o crime
A pergunta que fica é” o que levou o jovem que já recebeu algum destaque como artista a tentar a vida aplicando golpes.
A Fuji conversou com dois ex-colegas do tempo do ensino médio e revelou um pouco das características de Kuroda.
“Ele era do tipo desobediente, estava sempre cheio de energia e gostava de roupas e acessórios de marca”, lembrou um ex-colega.
Na época, o jovem estudava, tinha sua atividade artística e ainda fazia um trabalho de meio período, de acordo com outro colega.
“Ele era popular com as garotas e tinha muita lábia. Parecia que não tinha muito dinheiro e não estava indo bem como artista, acho que ele tinha um complexo de inferioridade”, comentou.
A vida artística definitivamente não deu certo e Kuroda acabou se dedicando à atividade ilícita. Mostrou a lábia que tinha ao conseguir fazer com que mais de 20 mulheres pagassem um preço alto por uma promessa falsa.