Otsu – Um hotel em Shiga, do tipo tradicional do Japão, se envolveu em uma polêmica por decidir recusar hóspedes que sejam nativos da Rússia ou Belarus. A atitude foi tomada em represália às atitudes do presidente russo Vladimir Putin na Ucrânia.
Segundo uma reportagem do portal J-cast, a administração do hotel teria publicado uma mensagem de protesto em seu site oficial, no dia 26 de fevereiro: dois dias após o início da guerra na Ucrânia. O conflito se mantém há quase dois meses e vem vitimando civis, provocando uma onda de refugiados e destruindo a infraestrutura do país.
O ocidente reagiu severamente ao ataque de Putin, punindo a Rússia com sanções que trouxeram repercussões para a economia mundial. A população russa, que nada tem a ver com o conflito provocado pelo governo, acabou sofrendo com o fenômeno da “russofobia”, um termo que se popularizou depois da guerra.
Depois de decidir banir hóspedes dos países parceiros na invasão da Ucrânia, muitos canais de mídia do Japão procuraram a administração do hotel em Shiga para entender os objetivos desta atitude.
O hotel é um “ryokan”, termo utilizado para designar as pousadas tradicionais do Japão, com quartos de tatami e futon (colchões japoneses), serviços de café da manhã e janta normalmente servidos no próprio quarto.
O dono do hotel, que não foi identificado, disse que não teve nenhuma má intenção com os cidadãos russos e bielorrussos, mas achou que sua tentativa de prejudicar a população desses países ajudaria, de alguma forma, a pressionar Putin para que desista da guerra.
“Não tivemos nenhuma má intenção com essas pessoas, não foi uma atitude xenofóbica. Apenas pensamos que a única forma de parar o Putin é afetando os cidadãos da Rússia e Belarus, pois os nativos, se forem prejudicados, podem pressionar o governo”, sugeriu.
Se nem as sanções que tiraram empresas da Rússia e fizeram o país perder milhões com o comércio internacional e nem mesmo a retenção de bens e recursos dos oligarcas russos que apoiam o presidente Putin resultaram na desistência das ações na Ucrânia, quem dirá um hotel na província de Shiga.
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Reações do governo ao hotel em Shiga
Seja como for, o governo da província de Shiga não compreendeu os objetivos do hotel e deu orientações para que o estabelecimento remova a publicação no site e não rejeite hóspedes pela nacionalidade. Este tipo de atitude, além de xenofóbica, vai contra as leis que regem os serviços de hotelaria no país.
O governador, Taizo Mikazuki, também reagiu e deu uma declaração ao programa Mezamashi-8 da emissora Fuji TV, que abordou o caso do hotel em Shiga.
“Nesta situação de guerra e impotência, muitas pessoas ficam com as emoções afloradas. A partir de agora, queremos observar com bastante atenção o surgimento deste tipo de caso”, disse.
Por fim, o hotel acabou acatando as ordens do governo. A mensagem de protesto foi deletada do site e a administração pediu desculpas pela atitude. A guerra na Ucrânia segue incerta e o Japão tem colaborado de outras formas, tentando acolher um pouco dos imigrantes ucranianos que estão se espalhando pela Europa e países mais distantes.
Muitos ucranianos com algum laço com o Japão vieram ao país, além de famílias sem relação. A Imigração do Japão passou a aceitar ucranianos mesmo se não tiverem passaporte e os cidadãos poderão solicitar um visto de trabalho com duração de um ano.