Tóquio – O barulho está no topo da lista de problemas mais comuns entre vizinhos e às vezes é motivo de confusões maiores, brigas e até mesmo assassinatos.
Um caso recente que foi parar na Corte de Tóquio chamou a atenção da mídia japonesa. Um homem havia investido ¥56 milhões em um apartamento no 15º andar de um prédio na cidade de Sapporo, capital da província de Hokkaido no extremo norte do Japão.
O objetivo da mudança com a família era encontrar um lugar silencioso para viver, pois houve problemas com o barulho de vizinhos nas casas anteriores. Depois da mudança para o local que parecia sossegado, os problemas começaram. Por coincidência, a vizinha do apartamento ao lado é violinista e estava praticando em casa para se apresentar em um concerto.
O homem conta que não havia sido informado dessa situação, embora tenha perguntado para a empresa responsável pela venda sobre como eram os vizinhos e se havia problemas com barulho. Como nada foi dito, o imóvel foi comprado e a situação trouxe insatisfação, o morador entrou na justiça e pediu os ¥56 milhões de volta.
Mas a Corte de Tóquio rejeitou o pedido na quarta-feira (25). O principal argumento do homem era que a empresa tinha obrigação de informar a situação real e não informou, mas o juíz veio com uma alegação diferente.
Ele disse que se o interessado no imóvel não perguntou especificamente sobre vizinhos que tocavam instrumentos musicais, a empresa não tinha obrigação de mencionar isto. Na sentença, também foi dito que barulho não consta como um ponto relevante na lei de proteção aos consumidores.
Em coletiva de imprensa, o advogado Kazuhisa Takahashi se mostrou inconformado com a sentença e disse que está vendo com o cliente sobre a possibilidade de recorrer.
“É estranho pensar que o comprador teria que fazer perguntas tão específicas para que a empresa tivesse obrigação de responder. Foi uma decisão injusta e estamos avaliando a possibilidade de recorrer”, comentou.
O homem que entrou com o processo e não teve o nome revelado também ficou inconformado e achou a decisão incoerente.
“Foi uma decisão lamentável e ainda não tive coragem de contar para a minha família”, disse. “O vendedor repetiu várias vezes que não havia problema de barulho com o vizinho, mas isto não foi levado em conta. Ele disse que eu não teria prejuízos, mas eu estou tendo. Este tipo de venda que oculta informações é um problema”, comentou.
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Família se mudou por causa do barulho
Para esta família, os problemas com os vizinhos acontecem há bastante tempo. O homem precisou se mudar várias vezes por causa do trabalho, mas teve problemas com barulho dos pés e outros sons produzidos pelos vizinhos e a família era neurótica com isto.
Com a proximidade da aposentadoria, ele decidiu comprar um apartamento em um lugar sossegado e não ter problemas com barulho era a sua principal condição para escolher a nova moradia.
Segundo uma reportagem do portal jurídico Bengoshi News, a mudança foi realizada em março de 2020 e pouco tempo depois, a vizinha começou a praticar violino dentro de casa, pois tinha uma data marcada para a apresentação.
Antes de comprar, o homem teria perguntado ao vendedor que tipo de pessoa vive no apartamento ao lado. A resposta foi que era uma mulher que vivia sozinha e tinha um emprego comum. O homem então perguntou se ele podia ficar tranquilo que não teria problemas com o barulho e o vendedor disse que sim.
O homem entrou com o processo com base na lei de proteção ao consumidor, alegando que poderia anular o negócio já que não houve explicações suficientes por parte do vendedor.
No entanto, o caso não deu certo por enquanto. É possível que a decisão seja diferente caso o homem recorra no tribunal.