Que a Netflix mantém a criação constante de conteúdo todo mundo sabe e a animação A Fera do Mar mostra como se faz uma boa crítica misturada a fantasia.
Na questão de conteúdo de animação, é claro que é difícil concorrer com a Disney e a Amazon. Histórias originais são raras, mas a animação é um bom entretenimento, além de ser linda aos olhos.
Antes de prosseguir, preciso te avisar que, na versão original em inglês, a voz do caçador Jacob Holland é de ninguém mesmo que Karl Urban, o nosso eterno Billy Butcher do The Boys.
Eu mesmo não assisto desenhos e animação legendado, só se for anime mesmo, mas se soubesse que era o Karl, iria ter assistido sim.
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A Fera
Imagine como era o mundo na época que o mar era algo intransponível, cheio de mistérios e totalmente desconhecido.
Apesar dessa ser quase a realidade de hoje, na animação, ela nos mostra como nesse mundo a fantasia é real.
Tão real que é caçada incessantemente. Mesmo não sabendo nada sobre os monstros, fica óbvio que o mundo só será melhor quando eles sumirem.
A propaganda por trás do ódio às bestas do mar é cativante e podemos ver como ela é passada por meio de narrativas de coragem e de aventura.
Até por isso é que Jacob sobe ao convés do Inevitável para se tornar o maior caçador de bestas marinhas, a fim de pôr um fim à terrível Bravata.
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A fantasia e o interesse político por trás dela
A animação parece se passar em um período onde a civilização ainda não é capaz de cruzar certos pontos daquele mundo. Naquele tempo e lugar, o maior desafio parece influenciar o avanço da civilização.
Por mais que as batalhas sejam de vida ou morte para os marinheiros dos navios, há muito interesse dos reis que seus navios sejam vistos como os mais avançados e capazes de vencer os monstros.
A força do poder extraído dessas aventuras é tão grande que aparece servindo de esperança na vida das crianças deste mundo, principalmente, no orfanato que cuida dos filhos órfãos dos caçadores.
Isso fica mais evidente com a protagonista da história, a pequena Maisie Brumble (Zaris-Angel Hator) aparece. Ela simplesmente é uma aficionada por histórias dos caçadores, por seus feitos e suas batalhas.
O melhor da Maisie é que ela é muito observadora e percebe, logo de cara, que as coisas não são assim tais como em seus livros.
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A maior arma de todas: a propaganda
Se a exploração dos mares e a segurança deles dão riquezas aos reinos, eles dão mais combustível para isso, investindo pesado em propaganda contra os monstros.
Em uma época como a nossa, onde o fenômeno das fake news e seus estragos são evidentes, mostrar que nem tudo é como está nos livros é verdade, é a maior sacada por trás do roteiro.
Mas essa não é uma animação para crianças? Como todo bom filme fez até hoje, A Fera do Mar quer passar a mesma mensagem, mas atingindo em cheio nós adultos.
Cada detalhe da animação é muito bonito e pegar esses pequenos detalhes, tornam a história algo que acrescenta para a experiência de quem assiste.
Além disso, por mais que os caçadores fossem realmente bravos e heróicos, nem eles sabiam o porquê da caçada, além de seus interesses pessoais.
E se a história se parece com muitas outras, essas pequenas ênfases dão a animação aquele gostinho de que vale a pena imergir em 119 minutos de pura crítica social, disfarçada de desenho.
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