Tóquio – Convencer os casais japoneses a terem filhos é um desafio que o governo enfrenta há décadas e as medidas tomadas até agora não tem surtido o efeito esperado nas estatísticas. Além disso, a taxa de aborto anual do país é de mais de 400 casos por dia.
A cada ano, o número de nascimentos cai e bate um novo recorde. De acordo com os dados do Ministério da Saúde, entre janeiro e junho deste ano, o país registrou 384.942 nascimentos, o que é 5% menos do que no mesmo período do ano passado.
A expectativa é que este ano bata um novo recorde negativo e o número total de crianças que nasceram no Japão em 2022 fique abaixo de 800 mil. Enquanto isso, os abortos estão em alta. O procedimento que é legalizado no país contabiliza 150 mil casos anuais: mais de 400 fetos são retirados por dia em algum lugar do país.
A taxa de aborto representa 20% dos nascimentos do ano. Uma reportagem do portal japonês President Online levantou a questão sem questionar a legalização do aborto, mas apontando para o fato de que a sociedade japonesa atual tem problemas que estão diretamente ligados ao desânimo para casar e ter filhos.
A professora da Universidade Taisho, Mizuho Onuma, alertou que está na hora de o governo japonês tomar novas medidas em vez de manter o foco nas mesmas políticas que não estão sendo suficientes.
“Para prevenir a baixa taxa de natalidade, o governo tem investido em auxílios financeiros e vagas nas creches. Mas acredito que está na hora de discutir o emprego informal dos jovens, a rejeição ao casamento ou o casamento tardio, as dificuldades da licença-paternidade e as gestações inesperadas”, sugeriu.
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Crianças estrangeiras e o futuro do Japão
Os dados gerais de nascimentos também inclui as crianças estrangeiras que nasceram no Japão, ainda que não tenham direito a nacionalidade japonesa. Por isso, os dados reais de crianças nativas é ainda menor do que as estatísticas apresentadas pelo governo.
A maior preocupação é quanto ao futuro e a economia do país, em um cenário em que há cada vez menos pessoas em idade produtiva, menos crianças e um número crescente de idosos, que já representa quase 30% da população do país de acordo com os dados do governo.
A reportagem do portal President Online apontou ainda para o número crescente de crianças estrangeiras no país. Apesar de os nativos não estarem animados para ter filhos, a taxa de natalidade entre os estrangeiros que moram no Japão tem crescido anualmente nos últimos cinco anos.
O número de crianças estrangeiras que nascem no Japão é inferior a 20 mil por ano e representa cerca de 2% do total de nascimentos no país.
Diferente de outras nações como o Brasil, os filhos de mães e pais estrangeiros que nasceram no Japão seguem apenas com a nacionalidade do local de origem dos pais, ainda que crescem no país e só tenham contato com a cultura e o idioma japonês.