Tóquio – Você se depara com algo que quer comprar pela internet e por um preço bem em conta. Fica entusiasmado, processa a sua compra e quando se dá conta, leva um susto: o valor cobrado é 20 vezes mais alto do que o anunciado no site.
Foi o que aconteceu com uma mulher japonesa, que comprou alguns livros de caligrafia de um site chinês. As informações sobre o produto estavam em japonês, o que mostra que a intenção era vender aos consumidores no Japão. Mas havia um “truque” imperceptível no preço.
O valor que aparecia no site era “¥1.680” (cerca de R$ 80,00), mas o símbolo em questão não estava se referindo ao iene, mas ao yuan, a moeda chinesa. Ao converter o valor para ienes, a consumidora acabou pagando mais de ¥33 mil pelos livros de caligrafia.
E ela não foi a única a cair nessa armadilha. De acordo com a Agência de Consumidores do Japão, houve cerca de 100 denúncias de consumidores que confundiram o símbolo “¥” e compraram algo na internet acreditando que o preço estava em ienes, mas na hora de pagar, acabaram pagando em yuan.
“É evidente que estão vendendo aos japoneses e por isso devem seguir a Lei de Transações Comerciais. Caso contrário, estão cometendo uma grave infração. Para não cair neste engano, os consumidores do Japão devem tomar muito cuidado e checar se o preço está em ienes antes de pagar pela compra”, alertou um representante da Agência de Consumidores.
A emissora Fuji mostrou a situação para alguns pedestres em Tóquio e as pessoas ficaram muito surpresas. Ninguém desconfiou que o valor exibido na oferta com o símbolo “¥” poderia indicar que a compra não estava na moeda japonesa.
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A moeda japonesa e a moeda chinesa
Imagem da emissora Fuji mostra que o símbolo é em comum entre as duas moedas.
Conforme explicou a reportagem, é fato que as duas moedas usam o mesmo símbolo. O Japão utiliza o “¥” para se referir ao iene e a China também usa “¥” para a própria moeda, que é o yuan.
No entanto, essa coincidência parece estar sendo utilizada de má fé para que o consumidor no Japão pague um valor bem mais elevado pelo produto e sem se dar conta. Como no caso dos livros de caligrafia, o valor sendo em yuan e não em ienes, saiu 20 vezes mais caro para a consumidora que pagou na moeda japonesa.
Além disso, não foi possível entrar em contato com o site de compras para que dessem alguma satisfação sobre os casos de compras equivocadas. E a reportagem da Fuji não informou se os compradores conseguiram recuperar o dinheiro ou não.
Para a advogado Hiroko Sumita, está claro que é um ato intencional.
“Isto é para causar um engano proposital. É um site de vendas em japonês, então o valor também precisa estar na moeda japonesa. Se for exibir o valor na moeda chinesa, é preciso usar outro símbolo, como o ideograma “元” para mostrar que o preço é em yuan. Este é um caso de infração legal, mas podemos supor que o vendedor está agindo com consciência disso”, sugeriu.
E verificar cada compra pode ser trabalhoso, por isso Hiroko sugere que o consumidor nunca compre antes de pesquisar.
“É uma forma de evitar esse tipo de problema. Veja o que há de informação sobre o site em questão, se outros consumidores estão falando algo, se não houve problemas. Esta é a única forma de se defender de armadilhas como essa”, ressaltou.
E não é a primeira vez que sites chineses de compra enganam consumidores no Japão. Já aconteceram outros casos relacionados aos produtos, como mostrar o item muito perfeito na foto e entregar um produto mal acabado e bem diferente ao cliente.
Por isso também é importante sempre verificar o que está sendo dito por outros consumidores sobre o site de compras e a qualidade da entrega e dos produtos.