Kumamoto – A instalação de 200 mil placas solares na região vulcânica da província de Kumamoto gerou uma discussão controversa. Por um lado, a energia renovável é muito bem-vinda e é um desejo do governo local e da população de utilizar mais essa fonte de energia limpa.
Por outro, a área extensa coberta por placas solares cinzas acabou com a magnífica paisagem ao redor do Monte Aso, formada pela maior caldeira do mundo que nasceu da atividade vulcânica, de acordo com uma reportagem da Emissora Fuji.
E não se trata apenas da caldeira, há uma área verde imensa nas proximidades, que se tornou conhecida como “os campos verdejantes milenares” de Kumamoto.
A zona verde acabou também afetada pelas placas solares e das estradas, onde é possível ter uma visão ampla da caldeira, a paisagem se tornou uma grande massa cinzenta de placas por todos os lados.
Originalmente, a região escolhida para abrigar as placas solares costumava operar fazendas, mas os negócios fecharam e uma área ampla acabou se tornando terras em desuso. Isto fez com que o local fosse eleito para o funcionamento da usina de energia solar.
O governo local almejava ver o Monte Aso se tornando patrimônio mundial da humanidade pela sua condição geográfica única, história e importância. Depois que as placas tomaram conta de uma região extensa ao redor da caldeira, o sonho de ver o local sendo classificado se transformou em desânimo.
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Polêmica, críticas e discussão
A situação deixou a população local revoltada. E apesar da boa aceitação da energia solar, os moradores se mostraram mais inclinados a rejeitar a usina do que em aceitar conviver com as placas cobrindo a paisagem.
“Não gostei nada disso, acho que o meio ambiente tem que ser protegido e preservado e não enterrado embaixo de placas”, disse um morador.
Para outro morador, é preciso encontrar uma solução para que as duas coisas funcionem ao mesmo tempo.
“As placas solares precisam coexistir de maneira próspera junto com o ambiente e não se transformar em uma vergonha para o Monte Aso e acabar com as nossas belezas naturais”, disse outro.
Quem se mostrou confuso com a polêmica foi o governador de Kumamoto, Ikuo Kabashima, que criticou a instalação das placas ao redor de uma área de 121 km de extensão do chamado vulcão somma, formado por uma caldeira com uma nova centralização.
“Eu não quero que placas solares sejam instaladas na região do vulcão somma, mas uma vez que as placas foram instaladas, é bem complicado executar uma remoção. Sinto que é importante promover o uso de energia renovável e ao mesmo tempo, sei que precisamos manter o paisagem natural”, comentou.
A empresa Japan Renewable Energy, que é uma das envolvidas na instalação das placas, disse que pensa em medidas para amenizar o impacto visual, como alterar a coloração das placas, mas pode ser um problema bem difícil de ser solucionado.
“Estamos conversando com a comunidade local e o governo e buscando uma compreensão mútua da atividade e possíveis soluções”, comentou um representante.