Fukui – Um bichinho que parece inocente, mas é capaz de causar um dano enorme e até mesmo levar uma pessoa ao óbito. Chamado de “madani” no Japão, os carrapatos estão nos campos abertos, no meio da grama, em praças e parques e buscam por um hospedeiro.
Eles grudam na pele de animais domésticos ou selvagens e se alimentam do sangue e seus nutrientes, mas também grudam na pele de pessoas. Quem caminha por campos abertos, seja por lazer ou trabalho, faz trilhas, sobe montanhas, corre mais risco de acabar com um parasita no corpo.
Uma reportagem da Emissora Fuji alertou para a “temporada de carrapatos” atual. É no verão japonês que as pessoas fazem acampamentos e trilhas e aumentam as oportunidades de se deparar com carrapatos.
Além disso, a situação atual é anormal: nos últimos tempos, muitos animais selvagens têm aparecido em zonas urbanas no Japão, como ursos e macacos em busca de alimentos. Eles invadem casas, quintais, avenidas, chegam perto de pessoas e além do risco de ataques, também transferem carrapatos aos humanos.
O professor do Departamento de Controle de Infecções do Hospital Universitário de Fukui, Hiromichi Iwasaki, alertou que tem registrado a internação de mais casos de pessoas infectadas por carrapatos, principalmente idosos.
“Quem mais frequenta campos abertos para trabalhar são os idosos e é por isso que eles estão entre as principais vítimas. Mas qualquer pessoa jovem que ande em locais onde há mato pode acabar com um parasita”, explicou.
Iwasaki explicou ainda que embora não sejam todos, muitos carrapatos podem carregar um agente patológico consigo. E quando ficam por horas no corpo do hospedeiro, transmitem a doença e a infecção pode gerar complicações graves de saúde.
“Os carrapatos transmitem dois tipos de doenças aos humanos. Uma é a febre maculosa que pode ser tratada com antibióticos, mas há risco de morte se a descoberta for tardia. A outra patologia é o vírus SFTS, que chega a matar 30% dos infectados”, alertou.
A febre maculosa é transmitida depois de pelo menos 4 horas com o carrapato no corpo. A doença causa febre alta e erupções vermelhas nas mãos e pés e é mais fácil de tratar com o uso de antibióticos. Mas no caso do vírus SFTS, que é o vírus da Síndrome de Febre Severa com Trombocitopenia na sigla em inglês, não há um tratamento reconhecido.
O Ministério da Saúde do Japão pensa em aprovar o uso do Favipiravir para o tratamento, pois há indicativos de eficácia, ainda sem confirmações. Este remédio também tem sido usado no tratamento de pacientes com Covid-19.
“Estima-se que os carrapatos que carregam o vírus SFTS no corpo são entre 3% e 4% do total. O humano infectado leva cerca de duas semanas para ter sintomas, que são de febre e erupções na pele e é normal consultar um dermatologista. Os carrapatos consomem o sangue lentamente e os que têm 2mm podem aumentar 10 vezes de tamanho em uma semana”, explicou.
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O que fazer se perceber um na pele
A armadilha do carrapato muitas vezes está no desespero que causa quando a pessoa finalmente nota a presença do parasita no corpo. Eles são pequenos e grudam na pele sem fazer barulho, causar dor, incômodo ou coceira. Pode levar horas ou dias até que sejam notados.
E quando uma pessoa nota a presença do carrapato, o instinto é puxar e arrancar da pele rapidamente, mas isso pode piorar a condição de saúde.
“Se a parte da boca do animal continuar presa na pele do hospedeiro, ocorre uma inflamação. E se o carrapato possuir um agente patogênico, a infecção a partir daí. Se não tiver confiança para remover o carrapato por inteiro da pele, faça isso no hospital”, recomendou o professor.
Como prevenir carrapatos
O risco está presente na natureza e é ainda maior no verão. Ninguém deve se privar de acampamentos e trilhas por medo de carrapatos, mas é sempre bom tomar alguns cuidados para prevenir e inspecionar a pele com atenção sempre depois de um passeio.
Se perceber a presença do carrapato rapidamente e remover da pele com cuidado, é possível evitar a transmissão de doenças ou complicações de saúde.
“Tente evitar a exposição da pele em campos e mato. Ande com calças compridas e se for difícil por causa do calor ou outras circunstâncias, utilize repelente e passe bem na pele”, aconselhou.