Kiryu – Quem está passando por dificuldades no Japão e por algum motivo de saúde não pode trabalhar, está apto a ganhar um auxílio básico do governo, ao menos na teoria.
Na prática, o auxílio, que é conhecido como “seikatsu hogo”, nem sempre é entregue de maneira devida e quem realmente precisa pode enfrentar inúmeros desafios para conseguir obter a renda básica.
Um homem que mora na cidade de Kiryu, em Gunma, tem enfrentado um estresse com a prefeitura local por causa do auxílio. Ele deu entrevista para uma reportagem do programa Mezamashi-8 da Emissora Fuji e disse que estava sem ter o que comer por causa das condições da prefeitura.
Makoto* tem idade na faixa de 50 anos e sofre com insuficiência cardíaca e diabetes. Por causa disso, ele perdeu o emprego e acabou em uma situação de dificuldades financeiras. Em agosto deste ano, teve o pedido de auxílio aceito e deveria ganhar ¥70 mil por mês da prefeitura, mas isto não chegou a acontecer.
“Eles colocaram empecilhos, querem que eu vá na Hello Work todos os dias e passe no guichê da prefeitura e então eles só me entregam ¥1 mil. Quem consegue sobreviver com mil ienes por dia? É o mesmo que dizer que querem que eu morra”, lamentou.
O homem acabou recebendo ¥33 mil em agosto e ¥38 mil em setembro, apenas uma parcela do dinheiro que deveria receber. Em outubro, ele foi ao Escritório de Bem-estar Social com um defensor público e conseguiu fazer com que a prefeitura liberasse a quantia que não foi paga.
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As condições do auxílio
A reportagem da Fuji obteve a gravação da conversa do defensor público com o funcionário da Prefeitura de Kiryu sobre o caso. O funcionário diz que “houve consentimento” para as condições, mas o homem não pareceu aceitar em nenhum momento.
Depois, ele diz que Makoto tinha dívidas antes de receber o auxílio e um vício em jogos de apostas e por isto estavam sendo rigorosos com a entrega do dinheiro.
Há casos de prefeituras no Japão que chegam a investigar e suspender o auxílio quando descobrem que o beneficiário está gastando o dinheiro no pachinko (cassino japonês).
Mas nesse caso, o homem nem chegou a receber um pagamento inteiro. Ele contou que, além da dificuldade e de não poder trabalhar por causa de sua condição de saúde, só recebia o dinheiro se fosse na Hello Work primeiro, o escritório destinado aos cidadãos que estão em busca de uma vaga de emprego.
“Todos os dias, se não passar na Hello Work, nem os ¥1 mil eles não me davam. Eu perguntei o que aconteceria se ficasse doente? Eu não iria receber o dinheiro daquele dia? E o funcionário só comentou que sim, isso podia acontecer”, explicou.
A reportagem perguntou sobre o caso para o responsável da prefeitura e houve contradições. Ele disse que não poderia comentar um caso individual, mas que não existe entrega de dinheiro do auxílio sob a condição de provar que esteve no Hello Work.
“Nós procuramos ajudar a pessoa a se reestabelecer na sociedade e agimos com o consentimento do beneficiário. Mas acredito que houve falhas na comunicação e explicação e o caso foi acertado apenas na conversa. Vamos cuidar para que as condições sejam documentadas a partir de agora”, disse.
*Nome fictício.