Osaka – Daiki Kusumoto, de 34 anos, tinha uma relação conturbada com um vizinho quando ambos moravam na cidade de Sakai, na província de Osaka.
O japonês está sendo julgado no Tribunal de Osaka e carrega a acusação de ter agredido o vizinho até a morte. A vítima se chamava Tatsuya Karata, um idoso de 63 anos na época. Ele morreu depois de um conflito entre os dois, ocorrido em 2022.
O comportamento de Daiki tem intrigado os policiais e as autoridades do tribunal. Na primeira audiência, ele negou que tivesse provocado a morte do vizinho e sugeriu que o idoso sofreu algum acidente sozinho que teria acarretado nos ferimentos e no óbito.
Porém, conforme o julgamento tem avançado, a conversa está se inclinando para uma confissão. Segundo uma reportagem da Emissora Fuji, Daiki está sendo acusado de ter coagido e ameaçado a vítima por um longo período. As agressões eram frequentes e ambos recebiam dinheiro do “seikatsu hogo”, o auxílio financeiro do governo japonês para cidadãos que estão desempregados ou impossibilitados de trabalhar.
Daiki teria inventado desculpas e coagido o idoso a dar dinheiro a ele durante o período em que eram vizinhos.
Na audiência ocorrida no último dia 16, o advogado perguntou o que Daiki achou a última vez que viu a vítima e ele respondeu o seguinte:
“Eu o vi daquele jeito e pensei que talvez ele tivesse morrido por conta das minhas agressões”.
O advogado perguntou por que ele pensou isso e Daiki disse que bateu com mais força naquele dia e se preocupou com os hematomas da vítima e a possibilidade de a polícia ser acionada, mas não pensou em chamar uma ambulância.
Tatsuya Karata acabou com ossos quebrados em 30 lugares e foi encontrado morto em casa. Os médicos disseram que a causa da morte foi um pneumotórax espontâneo primário, um trauma causado por um impacto e que foi provocado pelas fraturas das agressões.
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As testemunhas da agressão ao vizinho
Segundo a reportagem da Emissora Fuji, dois funcionários da prefeitura do bairro onde o réu e a vítima moravam compareceram ao julgamento. Como ambos recebiam o auxílio da prefeitura, era comum a visita dos funcionários e verificações de renda e da situação pessoal de vida.
Porém, o que levou os funcionários ao julgamento é o fato de que eles presenciaram uma agressão. O réu teria agredido a vítima na frente dos responsáveis da prefeitura e mesmo assim, a polícia não foi acionada. A investigação da prefeitura concluiu que, se os funcionários tivessem tomado providências, teria sido possível evitar o assassinato.
Um dos funcionários disse que, na época, estava responsável pelo caso de Kusumoto e sentiu muito medo do que estava acontecendo. Por isso, não quis reagir.
“Ele poderia se revoltar contra mim e eu não tinha segurança para dizer que a prefeitura, o poder público, poderia me proteger caso fosse agredido ou perseguido no trabalho”, explicou.
O réu também teria dito muitas vezes na prefeitura que o vizinho não tinha condições de viver sozinho e que precisava ser internado em uma instituição. Durante uma entrevista para a Emissora de Kansai, ele chegou a comentar sobre a vítima:
“Eu não gostava e nem odiava o Karata, eu simplesmente não conseguia deixá-lo em paz. Se ele realmente morreu por minha culpa, eu sinto muito”.