Para os entusiastas da Segunda Guerra Mundial que sempre quiseram explorar um pouco mais sobre o conflito no lado oriental, “A Criatura de Gyeongseong” pode ser uma escolha interessante. Este dorama coreano oferece uma visão da dominação japonesa em Gyeongseong, que eventualmente se tornou Seul. Se você está familiarizado com os K-dramas, este é um dos mais fascinantes que já vi, comparável a “Squid Game” e “Profecia do Inferno”. No entanto, para quem não está acostumado, prepare-se para uma história um tanto arrastada, mas intrigante.
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Se você domina o japonês, recomendo assistir à série legendada no idioma original. Apesar de ser um K-drama, quase metade das interações ocorre entre “japoneses” que ocupam o país. A atenção aos detalhes nessa parte é notável, com os atores interpretando os japoneses se expressando muito bem, mesmo com um sotaque, e é surpreendente ver a quantidade de atores coreanos que dominam o japonês, mesmo sem traços nipônicos.
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Gyeongseong e sua criatura
A série se concentra em uma tropa japonesa que realiza diversas experiências em seres humanos, especificamente coreanos, considerados cidadãos de segunda classe pelo império japonês na época. Essa definição estabelece uma hierarquia superior dos japoneses sobre os países que ocupavam, de maneira semelhante ao que os nazistas faziam na Europa. A narrativa acompanha a mudança dessa unidade militar da Manchúria para Gyeongseong, no contexto da aproximação do exército soviético na região.
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A chegada dessa unidade traz consigo uma família em busca de um artista japonês chamado Sachimoto, a única pessoa que sabe onde está a mãe de Yoon Chae-ok (Han So-hee). Vindo da Manchúria e desconhecendo Gyeongseong, eles buscam Jang Tae-sang (Park Seon-joon), o administrador de uma casa de penhores, que também está procurando pela amante do líder japonês da cidade. O desenvolvimento desse encontro entre Chae-ok e Tae-sang é o ponto central do romance na trama.
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A face de Gyeongseong ocupada
Apesar dos poucos registros históricos, a ambientação em Gyeongseong de 1945, seis meses antes da rendição do Japão na Segunda Guerra, é impressionante. O local parece genuinamente o Japão antes da abertura para o Ocidente, mas com a distinção de ser a Coreia ocupada. A corrupção, uma parte intrínseca da guerra, é apresentada de forma repugnante através do tráfico de influência na série. Apesar do romance se desenvolver lentamente e levar quase cinco episódios para revelar a criatura, o tempo dedicado a cada personagem ajuda a criar um envolvimento emocional com suas histórias.
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E para quem pensa que a trama segue para rumos absurdos, é importante destacar que o Japão raramente aborda a invasão continental, ainda menos na Coreia do Sul. As unidades de pesquisa, realizando experimentos em seres humanos, perpetraram atos atrozes que foram encobertos, como mostrado na série, dificultando a punição dos responsáveis. Surpreendentemente, um desses responsáveis era o próprio avô do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe.
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